SEM HUCK, FHC QUER TESTAR OUTROS NOMES AO PLANALTO


Depois da negativa de seu protegido Luciano Huck, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) vai insistir em procurar uma alternativa fora de seu partido para a eleição ao Planalto.
Alguns nomes deverão ser testados. Um dos citados é o do empresário Flávio Rocha, dono das Lojas Riachuelo. Isso não significa apoio do ex-presidente, mas prospecção de cenários.
No fim da tarde de quinta (15), após Huck confirmar que não deixaria a Rede Globo para disputar o pleito, FHC pediu a um conhecido que trabalha com marketing político a realização de uma pesquisa qualitativa sobre nomes para o Planalto.
O ex-presidente afirmou, por meio de sua assessoria, que não fez tal pedido. A Folha mantém sua apuração. FHC está convencido que o provável presidenciável tucano, o governador Geraldo Alckmin (SP), pode não se viabilizar mais à frente na disputa. Hoje ele patina aviação do 10% das intenções de voto.
Oficialmente, o tucano manterá o apoio ao tucano, mas vai estimular uma outra opção. Em mensagem à Folha, ele negou conhecer Rocha e disse que "considera o Geraldo Alckmin o mais capacitado entre os nomes sugeridos para exercer a Presidência".

"Estou em Trancoso passando o Carnaval. Não fiz contato com político algum. Se conheço, não me recordo de haver estado alguma vez com o dono da Riachuleo. Reafirmo que, a despeito de minha amizade e consideração por Luciano Huck, nunca deixe de dizer que seguirei o PSDB. Qualquer outra afirmação se trata de especulação", afirmou.
Rocha vem namorando a ideia de se candidatar, e tem apoio do grupo de direita MBL (Movimento Brasil Livre), que já foi próximo da ala do PSDB liderada pelo prefeito paulistano, João Doria.
O empresário chegou a ser citado como eventual vice de Jair Bolsonaro (PSC), mas recusou a ideia ao ser sondado. FHC não tem afinidade com o MBL e gostaria de um nome mais de centro-esquerda, mas a oferta de opções no mercado está escassa.
O movimento deverá indispor ainda mais a ala alckmista do PSDB com o decano do tucanato. Aliados do governador não digeriram os movimentos públicos dele em favor de Huck.

O EMPRESÁRIO

Rocha lançou em janeiro um movimento de empresários, que batizou de "Brasil 200 anos" –referência aos quase dois séculos desde a proclamação da Independência, em 2022, ano que encerra o próximo mandato presidencial.
O grupo, segundo o próprio executivo, se situa à direita do espectro político e, frisa Rocha, tem a missão de defender valores de uma agenda econômica liberal e uma posição conservadora nos costumes.
"O candidato que o povo clama não se apresentou ainda", disse ele, em conversa por telefone com a Folha à época.
Em sua "carta-manifesto", o executivo critica as gestões petistas, defende o livre mercado e convoca o empresariado brasileiro a participar de forma mais ativa da política nacional.