EDITORIAL: FÁBIO DANTAS. QUEM SOU EU!!!



Certa vez César Benjamin, um dos únicos pensadores de esquerda da atualidade que está vacinado contra o marketing populista, desabafou sobre sua inabilidade em elogiar algo abominável.

É técnica que surgiu na Grécia Antiga, quando os grandes tribunos perceberam que o desafio do discurso era falar bem daquilo cujo senso comum só reportava defeitos.

Foi assim que Luciano e Leão Baptista Alberto descreveram as virtudes da mosca e Polícrates louvou os ratos.

Houvesse no Rio Grande do Norte alguém com essa habilidade, deveria lhe ser pedido o elogio ao vice-governador Fábio Dantas.

Seria o elogio do oportunismo.

Tendo atuado firmemente na gestão atual, articulado planos, colaborado com sua experiência, Fábio foi acometido repentinamente pela esquizofrenia política que abate o voo de todos que chegam perto demais do clarim da cobiça.

Ficou cego. Não enxerga, ou se recusa a enxergar, o próprio passado recente.

O exemplo de sua postura tem tomado forma nas sucessivas entrevistas em que seu grau de devaneio se expande. Na mais recente entrevista, a loucura indica a necessidade séria de intervenção, pois seus devaneios batem à porta do Hospital João Machado.

Ao afirmar que nunca foi prestigiado ou pediu tal prestígio e que as relações do governo se baseiam no fisiologismo.

Seu voo guiado pela cobiça padece da mesma falta de planejamento que ele acusa existir no governo.

Apresentando-se como um solução eleitoral, Fábio precisa digerir a dura realidade que se lhe impõe: lhe faltam votos. Faltaram-lhe votos em unidades para lhe conduzir ao TCE, lhe faltam agora aos milhares para concretizar em realidade a loucura que habita sua cabeça. Sua presença em todas pesquisas batem no traço.

Reativo, restou a Fábio alimentar a aposta que aparecer em fotos, eventos e entrevistas pode lhe render capital político. Será questão de tempo para ele se tornar, se assim continuar, objeto de estudo de psiquiatras.

Na verborragia que se abateu sobre ele, a acusação de que o governo não tomou a iniciativa de fazer o ajuste fiscal é uma afirmação que não encontra classificação na enciclopédia médica que cataloga a loucura, pois foi o próprio Fábio quem levou à Assembleia Legislativa os projetos de reformulação das finanças do Estado.

A cegueira do ego é um abismo intransponível. Fábio se aproxima de Diógenes de Sinope, filósofo da Grécia Antiga, que passou para a história como Diógenes, o Cínico.

Certa feita, o filósofo pediu esmola a uma estátua e foi questionado sobre o porquê de tal gesto, ao que respondeu:

“Ela é cega e não me vê, e assim eu me acostumo a não receber algo de alguém e nem de ninguém depender”.

Em nosso presente, Fábio se retroalimenta, na esmola que dá a si mesmo. Cego como a estátua de Diógenes, todavia, ele está longe do desprendimento e se acostumou a ser parte e receber, pois só agora o oportunismo lhe leva a enxergar o fisiologismo com que conviveu harmonicamente nos últimos anos.

Assim como os grandes tribunos da Grécia desafiaram a capacidade do discurso, Fábio Dantas precisa se dispor a tal tarefa para poder diminuir a diferença entre o que ele diz ser e quem ele realmente é.