VACINA DA GRIPE: QUEM PODE TOMAR? POSSO FICAR DOENTE? TIRE SUAS DÚVIDAS







A campanha de vacinação contra a gripe começa nesta segunda-feira (23) em todo o país para pessoas com maior chance de reações graves ao imunizante (veja abaixo). Em idosos, por exemplo, a gripe é uma doença potencialmente grave que pode levar à insuficiência respiratória. Diferentemente do resfriado, a condição deflagrada pelo influenza tem febre alta e sintomas bem mais intensos.

Nas gestantes, para quem a vacina também está disponível gratuitamente, a vacina também protege contra reações graves deflagradas pelo influenza.

"As grávidas devem se vacinar porque estão com o sistema imune alterado porque elas precisam modificar o funcionamento do sistema para não rejeitar o feto", explica a infectologista Marta Heloísa Lopes, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Quem toma a vacina, está protegido contra os tipos de influenza mais comuns que estão circulando naquele território -- e não contra qualquer forma de gripe ou condição respiratória. As linhagens e tipos de vírus são definidos anualmente pela Organização Mundial de Saúde; no hemisfério Sul, os micro-organismos que devem constar no imunizante são disponibilizados em setembro do ano anterior às campanhas.


Começa hoje a campanha de vacinação contra o vírus da gripe H1N1

Assim que a Organização Mundial de Saúde divulga os tipos de vírus, laboratórios começam a fabricar a vacina. O Instituto Butantan, por exemplo, que fornece a vacina para o Ministério da Saúde, começou a fabricar a vacina ainda em setembro de 2017.

O imunizante contra o influenza está disponível gratuitamente para alguns grupos na rede pública, mas ela pode ser tomada por todos que quiserem evitar a doença. Na rede privada, a vacina está sendo oferecida a um preço médio de R$ 130. A dose deve ser renovada anualmente.

Abaixo, tire dúvidas sobre a disponibilidade do imunizante:


- Quem deve tomar a vacina?


Não há quase contraindicação para a vacina. Quem não tem alergia aos componentes do imunizante, pode se vacinar. Pessoas que fizeram transplante, pessoas com pressão alta, pessoas com diabetes e outras condições, devem e podem tomar o imunizante. Aqueles que passaram por cirurgia recente ou tomaram uma outra vacina, também podem se vacinar normalmente.

A infectologista e professora da Faculdade de Medicina da USP Marta Heloísa Lopes explica que, exceto uma alergia específica ao imunizante, ele pode ser administrado para todas as pessoas em todas as idades.

"Todas as pessoas que não desenvolveram alergia à uma dose anterior da vacina, devem e podem tomar o imunizante", explica Marta Heloísa Lopes, infectologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

- Quem não pode tomar a vacina?

Como dito anteriormente, pessoas com alergia grave à vacina devem evitar o imunizante. A infectologista Marta Heloísa, da FMUSP, indica que a vacina não é mais contraindicada àqueles com alergia grave a ovo.

"Quem tem alergia grave a ovo, pode tomar a vacina desde que esteja em um centro com a disponibilidade de atendimento em caso de reação", explica a infectologista do Hospital das Clínicas da USP.

A infectologista indica que aqueles com alergia a ovo devem procurar um centro de referência em imunização. "Importante lembrar que a questão aqui é a alergia grave. Quem come pão, bolo, etc... não tem alergia grave", lembra.

- Contra quais vírus ela protege?

A vacina trivalente protege contra três tipos de vírus (H1N1, H3N2 e influenza B). Já a vacina tetravalente, protege contra todos os tipos da vacina tri e mais um tipo de influenza B. A vacina disponível na rede pública é a trivalente.

- Reações à vacina existem?

O vírus não causa reações porque está morto. A maioria das reações será consequência de processos deflagrados pelo próprio sistema imunológico. A reação mais frequente é a dor na região em que a vacina foi aplicada.

Em alguns casos, há a possibilidade de um pouquinho de febre e um mal-estar geral.

Já em situações raras, é possível que ocorra reações alérgicas, como a vermelhidão na pele, lábios inchados e a língua mais grossa. "Uma reação alérgica pode ocorrer com qualquer medicamento. Tem gente que tomou dipirona a vida inteira, e um dia tem a reação" pontua a infectologista.

- A vacina está disponível gratuitamente para todos?

Não. Na rede pública, a vacina está disponível somente para pessoas em situação de maior vulnerabilidade. São elas:

Crianças de 6 meses a 5 anos de idade;

Gestantes; puérperas, isto é, mães que deram à luz há menos de 45 dias;

Idosos;

Profissionais de saúde, professores da rede pública ou privada, portadores de doenças crônicas, povos indígenas e pessoas privadas de liberdade.

- Qual o preço da vacina em laboratórios particulares?

Em laboratórios do Grupo Dasa, que administra redes no Brasil inteiro, as vacinas tri e tetravalente (que protegem contra três tipos de vírus ou quatro) estão sendo oferecidas a um preço que varia entre 90 e 160 reais. Em algumas farmácias em São Paulo, a vacina trivalente é oferecida a um preço médio de R$ 130.

- Posso pegar gripe após tomar a vacina?

Não. A vacina da gripe é feito com vírus morto, inativado. Ou seja, não há a possibilidade dele atacar o organismo. O que normalmente acontece é que, como a vacina da gripe é aplicada durante o outono e inverno -- período de maior circulação do vírus causador -- é também comum que outros tipos de vírus, que não os que constam na vacina, causem a doença e tem-se a impressão de que foi o imunizante que levou aos sintomas.

- Quantas doses devo tomar?

Como os vírus do influenza mudam muito, é preciso renovar a a vacina anualmente.

"Os vírus da gripe sofrem pequenas mutações em sua superfície; por isso, a necesssidade de tomar novamente porque a composição da vacina muda conforme os novos vírus que vão surgindo", explica a infectologista.

- Gripe e resfriado é a mesma coisa? A vacina da gripe protege contra o resfriado?

A gripe é uma doença causada por um vírus específico: o influenza. Já o resfriado é também causada por vírus, mas de outros tipos, como os rinovírus.

Uma diferenciação importante entre as duas condições é que na gripe há a febre alta e no resfriado os sintomas são mais brandos e a febre é menos comum.

- Entenda os vírus da gripe e as suas mutações

O infectologista Renato Kfouri explica que o vírus influenza é dividido em tipos, subtipos e linhagens. Todas essas variações correspondem a diferenças encontradas no material genético do vírus.

Primeiro, em relação ao tipo, o influenza é dividido em A, B e C. O vírus A e B são os que infectam seres humanos; já o tipo C, não é incluído em vacinas e não tem relevância para a saúde pública até o momento.

Já essas formas H3N2, H1N1, dentre outras, referem-se aos subtipos do influenza A. As letras H e N referem-se a proteínas encontradas na superfície do vírus, respectivamente, neuraminidase e hemaglutinina.

Os números, por sua vez, são referentes a maneira como essa proteína é apresentada, como uma haste mais longa, por exemplo.

Já o influenza B é dividido em duas linhagens, que passaram a circular simultaneamente nos últimos anos.

Fontes: Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), Grupo Dasa, a infectologista Marta Heloísa Lopes, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Renato Kfouri, pediatra, infectologista e vice-presidente da SBIm.