“A GLOBO FAZ UM MAL SEM TAMANHO PARA O BRASIL”, ACUSA MARCO FELICIANO
Opiniões conservadoras não são bem vistas pela imprensa
brasileira. Quando é um líder evangélico que se posiciona, gera maior rejeição
ainda. Quando o jornal O Estado de São Paulo entrevistou o deputado federal Marco Feliciano
(Podemos/SP), isso ficou novamente evidenciado.
Ao ser questionado sobre a situação do país, Feliciano foi
enfático: “Está caótico e sem luz no fim do túnel”. Para ele, é a imprensa que
tem “um papel fundamental no momento pelo qual o Brasil passa” e não está mais
nas mãos dos políticos.
Conforme lembra o parlamentar, “é a imprensa que dita as
pautas do país, pois tem a força do povo nas mãos”. Entende ainda que “A grande
mudança passa pelo povo. E o povo segue a imprensa. Só que a imprensa livre
precisa ser imparcial, isenta. Não pode ser tendenciosa”.
Ele se diz vítima de “preconceito” e que isso é geral em
relação aos evangélicos.
O deputado tem grande força nas redes sociais, onde possui
cerca de 4,5 milhões de seguidores no Facebook, número bem maior que os 3,4
milhões do ex-presidente Lula, por exemplo.
Ele aposta na força dessa mídia. “Pela internet você fala
direto com as pessoas. Vídeos meus, em mídias sociais, incomodam a Rede Globo…
Então não subestime as redes sociais”, avalia.
Ao falar sobre a maior rede de comunicação do país,
Feliciano é bastante enfático: “A Globo faz um mal sem tamanho para o Brasil,
principalmente para a estrutura da família brasileira. Eles pegam muito pesado
a respeito de família, a respeito de evangélicos. Toda vez que aparece um
evangélico na novela ele é louco ou extremamente irracional. Eu entendo que a
Globo tem a mim como inimigo”.
Em ano eleitoral, a posição da imprensa contra os políticos
conservadores tem se intensificado. Com quase 30% do eleitorado nacional e uma
bancada numerosa no Congresso, os evangélicos tendem a crescer em força
política na próxima legislatura. Inegavelmente, isso incomoda muita gente que
defende as pautas moralmente liberais.
Enquanto o católico Jair Bolsonaro lidera as pesquisas para
presidência, a evangélica Marina Silva geralmente aparece em segundo lugar.
Mesmo assim, como ocorreu em outras eleições, ela não tem o apoio dos
evangélicos. Para Feliciano isso é fácil de entender: “A Marina só aparece de 4
em 4 anos. Ela veio com a missão de representar os evangélicos e a Igreja
descobriu nela uma ‘evangélica de fachada’, dentro do nosso pensamento
conservador. Ela apoia toda a pauta da esquerda”.
Conforme o pastor, isso é uma incongruência. “É impossível
que o verdadeiro evangélico, o verdadeiro cristão seja de esquerda. Agora até
temos os evangélicos conservadores e os evangélicos progressistas… Quando eu
vejo um pastor dizer que é socialista, de esquerda, ele está cometendo um erro
gravíssimo. Pois ele instrui os incautos a seguirem esse pensamento. Eu não
consigo conceber essa ideia”, dispara.
Como já havia dito em outras ocasiões, o deputado paulista
tem uma visão bastante negativa do que está ocorrendo na sociedade após 13 anos
de governo petista, que investiu fortemente na doutrinação. “O politicamente
correto está acabando com o nosso país, porque acaba com um dos maiores
direitos do ser humano dentro de uma democracia: a liberdade de expressão”,
destaca.
Marco Feliciano voltou a ser questionado sobre o ativismo
LGBT, já que ele é um de seus maiores opositores no Congresso. Ele reiterou sua
conhecida posição. “Eu respeito homossexuais, mas não respeito ativistas LGBT.
O ativista é aquele que ganha dinheiro para lutar por isso. Eu respeito
homossexuais porque tenho amigos homossexuais que frequentam a minha casa.
Tenho amigas lésbicas, tenho amigas que moram juntas.”
Também reiterou que “Ninguém deve morrer por causa da sua
orientação sexual, por causa da cor da sua pele, por causa da sua religião.
Isso é vilania, é animalesco. Só que nós vivemos em uma sociedade doente. A
culpa é da sociedade, que se cala quando tem que falar e fala quando tem que se
calar”.
O pastor nega o rótulo de “mestre da cura gay”: “Maldade da
imprensa e do movimento LGBT. Não tem cura para aquilo que não é doença. Para
mim, a homossexualidade não é doença, é um fenômeno comportamental”.
Negando a pecha de racista, ele explica: “Sou a favor de
cotas para negros, porque eu conheço a história: 300 anos de escravidão. Se
estão dois correndo, um negro e um branco, o branco tem 300 anos de vantagem na
frente do negro. Como é que os filhos dos negros vão alcançar os filhos dos
brancos? Nunca. Então cria-se uma cota com prazo estipulado, para tentar
igualar”.
Entretanto, acredita que a criação de cotas para todos os
grupos minoritários gera problemas. “O problema é que, quando você cria uma lei
para proteger um grupo, você tem que ver o que essa lei vai fazer com outro
grupo. Você não pode criar uma lei justa para alguns e injusta para outros”.
O deputado, que é candidato à reeleição, continuará
defendendo as pautas conservadoras. E vê com satisfação que elas estão
crescendo em vários países. “Graças a Deus. É uma onda mundial. A política é um
pêndulo que tem dois extremos: esquerda e direita. O pêndulo começa no centro e
vai para a esquerda, ninguém o para e o pêndulo vai até bater na extremidade
esquerda. Depois, porque não tem mais para onde avançar, o pêndulo começa a
voltar”, filosofa.