NOVAS REGRAS DO CARTÃO DE CRÉDITO PASSAM A VALER HOJE. VEJA O QUE MUDA
A partir desta sexta (1º), passam a valer
mudanças que devem ter reflexos nos juros cobrados
no cartão de crédito. As novas regras foram anunciadas em
abril pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A medida prevê que os bancos não
podem mais cobrar juros maiores de clientes que estão no crédito rotativo e
ficam inadimplentes. O crédito rotativo é usado por quem não paga
o valor total da fatura no vencimento.
Embora o juro do rotativo seja uma das maiores taxas cobradas
dos brasileiros, há instituições que cobram um percentual ainda maior se o
cliente que está no rotativo fica inadimplente. A partir de agora, o juro para
quem atrasa o pagamento será o mesmo do crédito rotativo, apenas acrescido de
2% de multa e 1% de juro de mora ao mês.
Em abril, a taxa de juros média cobrada pelo chamado
“rotativo não regular”, sobre pagamento mínimo de faturas em atraso, era de
14,29% ao mês, segundo o Banco
Central. Já a taxa de juros média cobrada no “rotativo regular” era de
10,70% ao mês.
Diante dessa diferença, o objetivo do BC é fazer com que a o
juro menor também seja aplicado a clientes que pagam o mínimo da fatura em
atraso. Assim, os clientes em atraso só vão pagar mais por multa e juro de
mora. A taxa de juros do crédito rotativo cobrada por cada banco pode ser
consultada no site do Banco Central.
Percentual mínimo de pagamento da fatura pode mudar
Outra nova regra também flexibiliza o percentual mínimo de
pagamento da fatura. Até então, os clientes pagavam o mínimo de 15% do valor da
fatura em todos os bancos, por norma. Agora, cada banco pode fixar percentuais
diferentes, de acordo com a sua política de crédito e o perfil do cliente.
O site EXAME consultou os cinco principais bancos: Banco do
Brasil, Itaú, Santander, Caixa e Bradesco. Por enquanto, todos vão manter o
mínimo de 15% do pagamento do valor da fatura. Todas as mudanças precisarão ser
comunicadas com 30 dias de antecedência.
Metade dos usuários já pagou o mínimo da fatura
Entre os usuários de cartão de crédito, 54% já pagaram o
mínimo da fatura, segundo uma pesquisa do Serviço
de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional dos Dirigentes
Lojistas (CNDL). Além disso, 21% disseram que não usam o rotativo há mais de um
ano e 13%, que costumam recorrer ao financiamento da fatura.
Em abril do ano passado, outras regras para o rotativo do cartão de crédito começaram a
valer. A medida restringiu o pagamento mínimo da fatura a um mês e obrigou
os bancos a oferecer uma solução de parcelamento para o cartão de crédito com
juros mais baratos.
No entanto, segundo a pesquisa do SPC, entre os consumidores
que já pagaram o mínimo da fatura do cartão de crédito alguma vez e conhecem a
nova regra do rotativo (80%), quase um terço (28%) não considera as novas
regras favoráveis. Para eles, os juros continuam abusivos e o valor da dívida
permanece alto (10%).
Já 58% dos entrevistados enxergam que a mudança tem
contribuído de alguma forma, principalmente por ver o valor da parcela
negociado junto ao banco caber no orçamento (46%).
Um terço dos usuários teve cartão bloqueado por atraso na
fatura
Um terço (33%) dos consumidores que usaram o cartão de
crédito nos últimos 12 meses teve o cartão bloqueado pelo atraso no pagamento
da fatura. Ainda de acordo com a pesquisa do SPC, quase metade dos
entrevistados (48%) já ficaram com o nome sujo devido à inadimplência no
cartão.
Um em cada cinco usuários do cartão de crédito utiliza o
meio de pagamento como extensão da própria renda, ou seja, continua comprando
quando o salário acaba e adia o pagamento. Ao utilizar o cartão de crédito como
renda complementar, muitos se perdem no controle dos gastos e compram além do
que conseguem pagar quando a fatura chega, como alerta a economista-chefe do
SPC Brasil, Marcela Kawauti.
O levantamento também mostra que quatro em cada dez
consumidores já deixaram de fazer compras em estabelecimentos por não aceitarem
essa forma de pagamento. Além disso, mais da metade dos gastos realizados com
cartão de crédito são para comprar roupas, calçados e acessórios.