BOLSONARO MINIMIZA PLANO DE GOVERNO E DIZ QUE TRAZ "EXPERIÊNCIA NA CABEÇA"
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair
Bolsonaro, afirmou neste domingo (22) que, se eleito, não adotará uma postura
centralizadora e buscará "ouvir as pessoas" a fim de estabelecer
diretrizes de gestão e políticas públicas. Ele disse que vem se preparando para
o pleito há quatro anos, mas minimizou o fato de ainda não ter apresentado um
plano concreto de governo.
"A experiência maior que eu trago é na minha cabeça.
Agora, quando eu vou para o respectivo ministério, que está acertando as
pessoas para trabalhar, apesar da minha experiência, eu tenho que ouvi-las
também", declarou ele durante a convenção
nacional do PSL, no Rio de Janeiro, que oficializou a sua candidatura ao
Planalto.
"Eu não quero ditadura. Para ser ditadura, eu estou
fora. Ninguém está pensando nisso aí. É conversar com as pessoas."
Bolsonaro disse que está aproveitando as viagens que tem
feito pelo país para ouvir opiniões dos cidadãos e formular propostas que, em
caso de vitória na eleição, serão debatidas com os ministros das respectivas
áreas. Ele citou duas vezes em que esteve em Roraima, neste ano, para observar
a questão dos imigrantes venezuelanos.
O presidenciável também contestou a tese de que ele não
teria governabilidade devido ao isolamento político.
Considerado uma força de extrema-direita, Bolsonaro ainda
não conseguiu reunir aliados em prol de sua candidatura --até o momento, os
principais aliados são o senador Magno Malta (PR-ES), o economista Paulo
Guedes, a advogada Janaina Paschoal (PSL) e o general Augusto Heleno (PPR).
"Seria irresponsabilidade da minha parte buscar uma
eleição sem condições de governabilidade. Isso quem coordena é o deputado Onyx
Lorenzoni [DEM]. Fizemos sete ou oito reuniões, em torno de 110 deputados
federais que querem realmente incorporar esse espírito de buscar soluções para
o Brasil sem ficar ligado ao líder sindical partidário que geralmente existe
dentro da Câmara", observou ele, referindo-se à presidência da Casa.
Bolsonaro disse ainda que já tem "um grande pacotão
bastante rascunhado" com medidas que abrangeriam vários setores da
sociedade, sobretudo na economia e na segurança pública. "Precisamos jogar
pesado na questão da violência e mexer em alguns artigos do Código Penal."
Questionado sobre qual seria a sua primeira ação concreta
tão logo tomasse posse, o candidato inicialmente tentou se esquivar, mas depois
afirmou que a pergunta havia lhe dado uma ideia: ampliar o prazo para que portadores
de arma de fogo não registrada pudessem legalizar a situação.
"Não tem mais alegria de contar uma piada no
Brasil"
Com o argumento de que a sociedade precisaria "acabar
com divisões", Bolsonaro disse acreditar que a questão do racismo é
amplificada pela mídia e pelos holofotes direcionados ao combate ao preconceito
racial.
"Alguns imbecis praticam e, quando praticam, tem que
ter punição. Existe algum racismo, mas não é nesse nível que vocês propagam. O
que é racismo? Racismo é: você não vai entrar nesse elevador porque você é
afrodescendente. Não vou te promover a cabo porque você é afrodescendente. Isso
que é racismo." A PGR
(Procuradoria-Geral da República) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que
abra processo contra o deputado por racismo.
"Vamos acabar com essas divisões. Não tem mais alegria
de contar uma piada no Brasil. Uma piada de baiano, cearense, goiano, gaúcho,
de carioca esperto... Acabou a alegria."
BOLSONARO ELOGIA ELEITORADO FEMININO
Candidato reclama de "rótulos"
Bolsonaro declarou que entende ser vítima dos
"rótulos" ao responder o motivo pelo qual parte das mulheres rejeitam
a possibilidade de votar nele.
"Por causa dos rótulos. Duvido que vocês me apontem um
áudio ou vídeo onde eu diga que mulher tem que ganhar menos do que o homem.
Duvido. (...) Todo lugar que eu vou eu tenho que explicar isso. E tem muita
mulher que é desinformada."
O presidenciável também negou que, em uma entrevista ao
jornal Zero Hora, supostamente tenha afirmado que as mulheres deveriam receber
menos do que os homens. "Não disse que deveria receber menos. Respondi
porque o empresariado resolve pagar menos para a mulher do que para um homem.
Segundo pesquisas, esse é um dos motivos. Essa é uma realidade."
Questionado se levaria a diversidade em conta na hora de
definir os ministros de seu governo, o candidato respondeu que "não
interessa se é homem, mulher, gay ou negro". "Eu quero gente que dê
conta do recado. Um cara que entenda do assunto."