CONSULTA AO INSS PASSA A SER FEITA SÓ COM HORA MARCADA OU PELA INTERNET
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) implantou um
novo modelo de atendimento que pretende reduzir as filas dos interessados em
dar início ao processo de aposentadoria nas agências, levando o restante do
fluxo basicamente para a internet.
O segurado que quiser pedir um extrato de benefícios ou
dados de seu Cadastro Nacional de Informações Sociais, o CNIS, não poderá mais
simplesmente ir até o INSS, como fazia, para consultar um especialista. Desde a
semana passada, as informações deverão ser levantadas pelo portal “Meu INSS” ou
por meio de um agendamento prévio para atendimento nos postos da Previdência.
A ideia é um avanço, se comparada à época em que era preciso
ir de madrugada para uma fila para garantir o atendimento. Mas, na prática, o
novo serviço ainda precisa ser aperfeiçoado para cumprir de fato a missão de
facilitar a vida do segurado.
Dificuldades. Para começar, o portal “Meu INSS” não é
simples de ser consultado. Para ter acesso ao CNIS e para a maioria de outros
dados é preciso entrar no www.meu.inss.gov.br , ou pelo site do próprio INSS
(www.inss.gov.br).
O segurado terá de informar dados pessoais como nome, CPF,
data de nascimento, nome da mãe, e local de nascimento. Pode parecer fácil, mas
não é.
Qualquer letra fora de lugar, qualquer data diferente da que
esteja na base de dados da Previdência, já é o suficiente para o sistema
impedir que o segurado consiga a sua senha. Mas isso nem chega a ser a maior
dificuldade, porque depois de informar seus dados pessoais, o segurado terá de
responder a uma sequência de questões e com precisão, porque com mais de um
erro não há continuidade no cadastro.
São informações que variam de acordo com a situação
específica do segurado, mas que nem sempre estão à mão ou na sua memória. Em
que ano houve a última contribuição individual feita por meio de carnê, ou em
que ano a empresa em que trabalhou fez a última contribuição à Previdência, ou
ainda qual o salário que você recebeu em seu último emprego são algumas dessas
perguntas.
Em não raras vezes, aparecem mensagens como “login e senha
incorretos”, “não foi possível buscar as informações”, “ocorreu um erro ao
buscar seus benefícios”, “segurado inexistente na base de dados” e assim por
diante.
Quem tem uma explicação para o problema é o atuário Newton
Cezar Conde, sócio-diretor da Conde Consultoria Atuarial, empresa especializada
no desenvolvimento de planos de previdência privada para os fundos de pensão.
“O problema não está na senha, está no sistema. Afinal, a
Previdência possui mais de 30 milhões de segurados. O sistema está
congestionado”, diz. “Você entra com a senha em um dia e no outro, recebe a
informação que a senha está errada, aí tem de aguardar pelo menos mais um dia
para conseguir registrar uma nova senha.”
Para evitar ficar preso a essa “saga”, o especialista
recomenda tentar entrar no portal no período da noite, quando a demanda é menor
e, portanto, as chances de conseguir o acesso são maiores
A segurada Mara de Camargo Fernandes vem contribuindo como
autônoma e esteve na agência do INSS para verificar se os recolhimentos estão
sendo processados corretamente. Nesse momento, recebeu as orientações e uma
senha para acessar de casa suas informações. “Isso vai facilitar a minha vida e
fiquei sabendo que vou poder também fazer uma simulação de quanto tempo ainda
falta para eu me aposentar.”
Em São Paulo, as agências do INSS prepararam um roteiro por
escrito, que é entregue para auxiliar a navegação no site, por reconhecerem as
dificuldades dos segurados. Em Brasília, a assessoria de imprensa diz que o
sistema está em constante aperfeiçoamento.
CNIS
Uma das maiores demandas nos postos está relacionada com
informações do CNIS. Trata-se de um documento de relevância para qualquer
trabalhador que pretende um dia se aposentar pelo INSS. Ter acesso a ele com
alguns cliques é ter controle sobre o que poderá ser sua fonte de renda no
futuro.
São os dados do CNIS que valem e serão considerados para a
concessão de benefícios. Ou seja: é a partir dele que o INSS vai definir se o
segurado tem direito ou não de se aposentar, qual o valor da aposentadoria e
assim por diante.
Esse cadastro traz o tempo de trabalho e de contribuição,
inclusive quando o segurado recolheu como contribuinte individual e
facultativo, datas de admissão e rescisão de contrato de trabalho,
identificação do empregador, períodos em que trabalhou em determinada empresa,
remuneração recebida e valores do recolhimento. É um histórico completo.
O advogado Carlos Alberto Vieira de Gouveia, presidente da
Comissão de Direito Previdenciário da OAB-SP, também acredita que o sistema
deveria facilitar a vida do segurado, trazendo um verdadeiro banco de dados,
com cadastro único do trabalhador. Ele diz que o CNIS contém erros e o segurado
deve acompanhar de perto os dados para corrigi-los rapidamente. “Basta a
empresa ter feito o recolhimento do INSS com um mês de atraso para que não
conste no CNIS.”
Segundo a Previdência Social, a correção deve ser feita de
imediato para que, no momento da aposentadoria, o histórico esteja correto. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.