ALIADOS DE HADDAD QUEREM SUBSTITUIÇÃO NA CHAPA O QUANTO ANTES
Após a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que barrou
a candidatura do ex-presidente Lula ao Planalto, Fernando Haddad, vice
na chapa petista, viajará a Curitiba na próxima segunda-feira (3) para discutir
a melhor estratégia para a campanha da sigla a partir de agora.
Aliados de Haddad defendem a substituição de Lula o quanto
antes, e o voto do ministro Luís Roberto Barroso, primeiro contrário ao
ex-presidente no TSE, corroborou a tese desses auxiliares de que o PT não
poderia arriscar ficar
dez dias fora do horário eleitoral no rádio e na TV.
O temor é de que a menor exposição de Haddad, pouco
conhecido nacionalmente, prejudique seu desempenho como candidato. Grande
parte do eleitorado petista, principalmente no Nordeste, ainda não sabe que ele
será o nome oficial do PT ao Planalto, o que pode comprometer o potencial de
transferência de votos de Lula para seu herdeiro político.
Com a possibilidade de ficar fora da estreia da propaganda
eleitoral na TV, neste sábado (1), o PT divulgou seu primeiro programa ainda na
noite de sexta (31), antecipando a estratégia de comunicação do partido.
No vídeo, Lula afirma que é possível voltar aos bons índices
econômicos da época de seu governo e Haddad se apresenta como o enviado pelo
ex-presidente para percorrer o Brasil com suas ideias.
A tática de transmutar a figura de Lula para a de Haddad
agora deve ser aplicada de forma abrupta pelo PT, para que o eleitor entenda
que, com o ex-presidente impedido de disputar a eleição, será o ex-prefeito de
São Paulo o responsável por representá-lo e levar adiante o seu projeto.
A ideia inicial era manter o discurso de que Lula é o
candidato de fato até o fim da semana que vem, pelo menos, e usar os programas
de TV para fazer essa transição de forma paulatina.
Nesta sexta, o ministro Barroso defendeu que o PT
substituísse Lula como candidato em dez dias e o proibiu de participar de
atos de campanha, inclusive do horário eleitoral. Foi seguido pela maioria
dos colegas da corte.
Os auxiliares de Haddad afirmam que poderia ser fatal para o
partido ficar dez dias sem propaganda na TV, caso a sigla optasse por
esticar a corda por todo o prazo.
Uma das alas de dirigentes petistas, porém, não queria fazer
a substituição na chapa sem uma resposta do STF (Supremo Tribunal Federal).
Desejava que a defesa do ex-presidente recorresse ao Supremo e, só depois,
indicaria Haddad como candidato oficial, o que poderia acontecer no início da
próxima semana.
Em conversas dentro de sua cela, em Curitiba, Lula ouviu de
aliados mais radicais que era preciso levar sua candidatura “até as últimas
consequências”, ou seja, insistir no registro do ex-presidente, sem substituir
seu nome na urna. Mas, na ocasião, Lula não concordou.
Afirmou que era preciso ir “até onde desse” porque, em sua
avaliação, a transferência de votos para seu afilhado seria mais eficaz quanto
mais perto do primeiro turno estivesse, mas não sinalizou que a substituição
não seria feita.
A estratégia do ex-presidente é manter o discurso político
—inclusive no cenário internacional— de que sofre uma perseguição jurídica que
tem o objetivo de tirá-lo da disputa eleitoral de outubro.