NINGUÉM AGUENTA MAIS TITE, NEYMAR E CIA.
A antipatia aumenta, o interesse e, consequentemente, a
audiência despencam. Essa é a realidade da seleção brasileira depois do
fracasso na Copa do Mundo. O insosso amistoso contra os Estados Unidos não
empolgou ninguém e soube de muita gente apaixonada por futebol que nem se deu
ao trabalho de assistir à pelada pela TV.
Natural. Quem ainda suporta aquele discurso de autoajuda do
nosso dublê de técnico e encantador de serpentes? Ele sequer foi capaz de
reconhecer os muitos erros que teve na Rússia! Na volta, passou um tempão
calado e quando abriu a boca, mostrou que não aprendeu bulhufas com a derrota.
Humildade zero; aprendizado, idem.
Pior: resolveu agora entregar a braçadeira de capitão a
Neymar, numa rendição incondicional ao jogador que se tornou uma piada no mundo
todo, exatamente, por seu péssimo comportamento nos gramados russos. Pode
existir mensagem mais danosa para a seleção? Aqui e no exterior?
A cada dia que passa aumenta a impressão de que Tite já deu
o que tinha que dar. Após a derrota para a Bélgica, apesar dos fracos
desempenhos nos jogos anteriores, acreditava-se que ele merecia uma segunda
chance – até porque a lista de substitutos não é das mais animadoras. Mas, o
mínimo que se esperava era que o treinador fizesse um belo exame de consciência
e percebesse que muitos dos seus conceitos estavam equivocados.
Se o futebol do Brasil sobrou nas eliminatórias
sul-americanas, foi incapaz de se impor, na Copa, contra os europeus, mesmo os
mais fracos. E o primeiro tempo contra a Bélgica mostrou o abismo tático que
separa o técnico espanhol Roberto Martinez do nosso Adenor Bachi. Ele, porém,
não consegue ver nada disso. Muito pelo contrário.
Da mesma forma que não é capaz de enxergar que sua postura
permissiva e paternalista com os jogadores e seus parentes e amigos ajudou a
formar um grupo no qual o foco, muitas vezes, deixou de ser a principal
competição esportiva do planeta. O que parecia era uma grande excursão
turística na qual, de quando em quando, havia um jogo de futebol. Que festa!
Que o diga o pai de Neymar, hospedado no hotel da delegação, e os filhos dos
atletas brincando dentro dos campos de treino.
Do técnico infalível, visto antes do Mundial como um dos
melhores do mundo, forte candidato a assumir um grande clube europeu, restou
pouco. Aquele messiânico discurso de autoajuda, ao que parece, encantou o
próprio autor, que se tornou prisioneiro de seu personagem, incapaz de avaliar
os seus erros e a enorme rejeição que ele, Neymar e a própria seleção passaram
a ter. Ou alguém acredita que o ridículo amistoso contra El Salvador empolgará
alguém? Ou ainda o jogo das arábias, contra os sauditas? Ou mais um duelo
contra os argentinos, desta vez sem Messi?
A falta de sensibilidade de Tite é tamanha que ele não
percebeu nem o absurdo que fez, ao convocar jogadores dos clubes envolvidos nas
semifinais da Copa do Brasil, poupando o Palmeiras – clube de coração do
ex-presidente Marco Polo Del Nero que, mesmo banido do futebol, continua a dar
as cartas na CBF.
Nosso técnico, como dizia uma velha raposa do mundo da bola,
perdeu o “desconfiômetro”. Para perder o cargo, bastam mais alguns passos. Ou
nos deixaremos enganar pela Copa América do ano que vem, uma vez mais um baita
“Me engana que eu gosto” contra sul-americanos?