PLANO TERRORISTA DO PCC FOI TRAMADO NO PRESÍDIO DE MOSSORÓ
Uma investigação da Polícia
Federal mapeou e desarticulou dois planos da facção criminosa Primeiro Comando
da Capital (PCC) para realizar atentados terroristas no Brasil. As ações
incluíam sequestros de autoridades e explosão de prédios públicos. Parte dos
planos foi elaborada de dentro da penitenciária federal de Mossoró, que fica a
281 quilômetros de Natal, capital do Rio Grande do Norte.
O motivo seria o descontentamento
com regras de presídios do sistema federal, que proíbem os presos de receber
visitas íntimas e gravam conversas entre eles e os advogados.
De acordo com a investigação,
parte das ações foi estruturada após um dos líderes da facção ficar detido na
Penitenciária Federal de Mossoró (RN) juntamente com Luis Fernando da Costa, o
Fernandinho Beira-Mar, liderança do Comando Vermelho.
A PF chegou a gravar as conversas
entre Beira-Mar e Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, líder do PCC, sobre os
métodos utilizados no passado por terroristas das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (Farc) para atacar as autoridades que atuam no
combate ao tráfico de drogas.
Na conversa, Beira-Mar cita a necessidade
de se valer de sequestro de autoridades em troca da liberdade de criminosos,
explosão de torres de transmissão localizadas em áreas industriais e, também,
sequestro de pessoas “importantes” para barganhar pela soltura de líderes
“importantes”.
“A guerrilha foi, pegou umas
autoridades, três ou quatro autoridades, aí falou: Ó, dou tantos dias pá. Dou
tantos dias pá liberar; se não der, rápt! Rapaz, pegou o primeiro”, disse
Beira-Mar a Abel Pacheco em uma das conversas.
As conversas, segundo a PF, ocorreram
em junho de 2017, na Penitenciária Federal de Mossoró (RN), onde Vida Loka e
Beira-Mar estavam detidos. Após ser transferido para Porto Velho (RO), Vida
Loka teria repassado as informações para Roberto Soriano e Wanderson Nilton de
Paula Lima, o Andinho, outras duas lideranças do PCC.
Em Porto velho, os investigadores
encontraram, entre os bilhetes apreendidos na Penitenciária Federal da cidade,
fragmentos que citam necessidade de ações violentas contra o sistema
penitenciário do País durante o período das eleições.
O objetivo, segundo a PF, era
“tentar convencer as autoridades a reverem os procedimentos de segurança das
penitenciárias federais”, considerados pelo PCC como “opressores”. “Essas
eleições para governador e presidente podem até contribuir ao nosso favor; (…)
desse modo obrigá-los a considerar que o melhor caminho seja ceder à
negociação, aceitar as reivindicações exigidas, isso mesmo tendo ciência e
consciência que irão recuar provavelmente até o presidente”, dizia um dos
bilhetes apreendidos.
Planos tinham como alvo o Depen
de Brasília e agentes públicos
Os investigadores conseguiram
detalhar e interromper o plano, após análise de bilhetes encontrados no esgoto
das celas da penitenciária de Porto Velho. Essa troca de informações entre
Soriano, Pacheco e Nunes resultou nos planos Pé de Borracha e Morada do Sol.
O primeiro teria como objetivo
explodir um carro-bomba no estacionamento da sede do Depen em Brasília. Segundo
o plano interrompido, além dos explosivos, o carro teria um envelope com as
exigências da facção, entre elas visita social de cinco horas, visita íntima
semanal, banho de sol de duas horas, tratamento digno e televisão e rádio em
todas celas.
“Amigos, deixamos claro,
independentemente de liberar a íntima (visita), ao nosso ver o projeto deve ser
colocado mesmo assim em prática, pois o propósito será quebrar todas as
principais opressões conforme explicado no salve anterior”, diz um dos bilhetes
enviados por Pacheco a companheiros e apreendido pela PF no esgoto do presídio
de Porto Velho.
A Morada do Sol, por sua vez, era
para sequestrar, torturar e assassinar agentes públicos e pressionar o governo
federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) a liberar as chamadas visitas
íntimas nos presídios federais. As visitas estão suspensas desde julho de 2017.
“As investigações identificaram
que a facção criminosa já havia realizado o levantamento da rotina e da
atividade de diversos servidores públicos fora do ambiente de trabalho para
serem sequestrados e/ou assassinados em seus momentos de folga”, disse a PF,
por meio de nota.