O FERA SAMBA E A TRAGÉDIA NO CARNAVAL DA REDINHA EM 2002


O Carnaval de 2002 de Natal foi marcado por uma tragédia enorme. Talvez você que nasceu a partir dos anos 2000 não lembre, mas entre 2001 e 2006 a banda Fera Samba foi um sucesso estrondoso em todo o Rio Grande do Norte. Quem é das antigas de verdade e curtia festa, com certeza vai lembrar que quando tinha show da banda era lotação total.
O Fera Samba estava em um momento incrível com a ascensão da sua música “Balaio”, a mais pedida em todas as rádios de Natal na época. O grupo vinha de um show em Mossoró, o evento na Redinha no dia 13 de fevereiro de 2002 (quarta-feira de cinzas) encerraria a agenda de carnaval da banda.

Músicos relatam que ao chegar no evento, se depararam com um trio sem muita estrutura e aparentemente um evento negligenciado pelas autoridades. Um dos órgãos responsáveis pelo evento era a própria Prefeitura do Natal, que na na época tinha como chefe do executivo a Wilma de Faria e Carlos Eduardo como vice (que veio assumir a prefeitura no meio do ano).

O acidente ocorreu por volta da meia-noite, quando o vocalista Wallace Barcelos (19 anos) esbarrou com o microfone em um fio de alta tensão, o que provocou uma descarga elétrica no cantor e seu óbito, o cabo se rompeu e ainda atingiu no trio o Léo Fera (também vocalista) que ficou um tempo internado com queimaduras de terceiro grau em 40% do corpo.

Com o rompimento, o cabo caiu e atingiu em cheio os foliões, infelizmente duas pessoas que acompanhavam o evento também foram vitimas fatais da tragédia, Luiz Carlos Jr. de 18 anos e André da Silva Guedes, 17 anos. Além das mortes, dezenas de foliões ficaram feridos devido a confusão generalizada no bloco, uma mulher foi hospitalizada em coma.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o que motivou o acidente e responsabilizar os culpados.

A prefeitura emitiu uma nota declarando que iria apurar se houve irresponsabilidade do município em negligenciar a fiscalização do trio elétrico.

A Cosern, por meio de nota, se ausentou da responsabilidade, alegando que não tinha recebido nenhuma solicitação para elevação da rede elétrica no trajeto do trio elétrico.


A morte de Wallace provocou uma comoção gigantesca na cidade, centenas de fãs acompanharam seu enterro no Cemitério Bom Pastor. Os músicos da banda passaram um período tendo acompanhamento com psicológicos, a banda voltou as atividades meses depois, motivada por pedidos dos próprios familiares do Wallace.


COSERN E PREFEITURA SÃO PUNIDOS

Um dos sobreviventes requereu indenização por danos morais e materiais no valor de 40 mil Reais e teve sucesso na ação.

“O dever do Município é fiscalizar a área pública, somente autorizando eventos festivos em tais locais, com a certificação da segurança proporcionada e de forma a garantir, também, a liberdade de ir e vir das pessoas que não querem participar deste tipo de evento festivo. Por sua vez, a Companhia de Eletrificação, de igual forma, contribuiu para o evento danoso, pois, com os conhecimentos técnicos, tinha ciência dos riscos de confronto de pessoas com a rede elétrica”, declarou o juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública, Geraldo Antônio da Mota.

Obs: Agradecimento ao Maurício, baixista da banda, que contribuiu com algumas informações fundamentais.