EX-CATADOR DE LATINHAS EM JUAZEIRO CHEGA AOS EUA PARA ESTUDAR EM HARVARD
Chega nesta terça-feira (2) aos Estados Unidos o ex-catador
de latinhas de Juazeiro do Norte que ganhou uma bolsa para estudar em Harvard,
após apresentar um projeto inovador. O curso de extensão tem duração de um ano
e meio. O professor retorna ao Ceará ainda neste mês e vai continuar os estudos
à distância.
Natural do Cariri, Ciswal Santos, de 32 anos, desenvolveu um projeto que gera energia solar, água e internet
de maneira econômica e sustentável. A proposta foi desenvolvida com
base em uma tecnologia da Nasa.
Desde criança Ciswal, que atualmente é professor de Física,
T.I e Mecânica, dava novos significados para simples materiais. “Desde pequeno
eu tive o senso de inventar coisas. Criava brinquedos e, com essa resiliência,
resolvi criar alguma coisa que resolvesse a questão”.
Com a iniciativa, o juazeirense conquistou uma bolsa de
estudos para cursar ciência da computação em uma das universidades mais
cobiçadas e renomadas do mundo: Havard. O projeto inovador promete ajudar
milhares de famílias da África e vai receber ainda investimentos de uma empresa
japonesa.
“A minha ideia não é comercializar, e, sim, popularizar ele.
Todo mundo que tiver precisando, todas as regiões, residências e colocar isso
no sertão”.
Ciswal comenta que já está com um projeto para levar para
Moçambique, Zimbábue, Magdala e Angola. “Eu tive uma conversa com o presidente
da Angola e o primeiro ministro de Moçambique. A gente já está alinhando isso.
Eu entrei para o corpo científico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em
parceria com o professor Dartagnan. Fomos contratados pela empresa Jayka, que é
uma empresa japonesa que vai investir no projeto”.
Ainda quando estava na faculdade, Ciswal Santos trabalhava
em um mercantil durante o dia, mas para completar a renda familiar e conseguir
adquirir os materiais de estudo. “Eu tinha algumas necessidades. Foi um período
muito difícil, de separação dos meus pais. Então, foi muito complicado. Eu
trabalhava em um mercantil, estudava à noite. Então, eu entregava as feiras e
ganhava um pouco mais de R$ 20 por semana, que não dava quase nada”.
Foi então que ele decidiu que precisava conseguir uma renda
para comprar livros, apostilas e material escolar da faculdade. “Decidi
procurar uma que não atrapalhasse os estudos e não precisasse tirar do dinheiro
que eu recebia no mercantil, que era para a alimentação em casa”.
Graças ao material reciclável com latinhas de alumínio,
Ciswal conseguiu custear a faculdade no interior do Ceará e chegar a
Harvard, nos Estados Unidos.