CONFRONTOS EM PROTESTOS CONTRA GOVERNO DEIXAM 8 FERIDOS EM CARACAS
Pelo menos oito pessoas ficaram feridas nos violentos
confrontos ocorridos em algumas das manifestações contra o governo de Nicolás
Maduro, que aconteceram nesta quarta-feira (1º) em toda a Venezuela, informaram
fontes médicas.
Em Caracas, os confrontos começaram quando dezenas de
opositores tentaram bloquear uma autoestrada e lançaram pedras e coquetéis
molotov contra a base aérea, onde um grupo de militares se rebelou ontem contra
o presidente Maduro.
Da base, soldados da Guarda Nacional lançaram gás
lacrimogêneo contra os manifestantes, que estavam encapuzados e faziam parte de
uma passeata de centenas de pessoas.
Homens da Guarda Nacional também usaram gás lacrimogêneo
para impedir o avanço de uma pequena mobilização no setor de El Paraíso, a uma
distância de menos quatro quilômetros do palácio presidencial de Miraflores,
conforme imagens da imprensa local. Em outros setores da cidade, como La
Florida, membros da oposição denunciaram "repressão" da Guarda Nacional
e da Polícia
Na última terça-feira (30), durante o frustrado levante
militar liderado por Guaidó, houve distúrbios em várias cidades. De acordo com
o governo e com organizações dos direitos humanos, uma pessoa morreu, e dezenas
ficaram feridas.
ONU
Ainda nesta quarta, os Estados Unidos condenaram os ataques
contra "manifestantes pacíficos", afirmou o representante de
Washington em um conselho permanente da Organização dos Estados Americanos
(OEA), Alexis Ludwin.
"Os Estados Unidos condenam, nos termos mais firmes,
esses ataques contra manifestantes pacíficos", declarou Ludwin.
A sessão extraordinária dedicada à situação na Venezuela foi
presidida pelo delegado do líder opositor venezuelano Juan Guaidó, o advogado Gustavo
Tarre. Ele ocupa a cadeira de Caracas, depois que a OEA decidiu, em votação,
não reconhecer os representantes de Maduro.
Tarre pediu que fossem exibidas imagens registradas pela
imprensa na Venezuela, ontem. "Esses ataques não vão silenciar o povo venezuelano.
O povo conhece a verdade", frisou.
A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos
Humanos, Michelle Bachelet, advertiu as autoridades venezuelanas para que
evitem um "uso excessivo da força" contra os manifestantes. Ela
convocou todas as partes a "renunciarem à violência".
"O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos
Humanos está extremamente preocupado com as informações sobre o uso excessivo
da força por parte das forças de segurança contra manifestantes na Venezuela, o
que aparentemente deixou dezenas de feridos", declarou a porta-voz de
Bachelet, Marta Hurtado, em um comunicado. "Segundo informações recebidas,
muitos outros foram detidos", completou.
"Diante dos protestos em massa programados para hoje,
fazemos um apelo a todas as partes para que mostrem a máxima moderação e, às
autoridades, para que respeitem o direito à reunião pacífica", afirmou
Hurtado. "Também advertimos contra o uso de uma linguagem que incite à
violência", acrescentou.
Na declaração, a porta-voz de Bachelet lembra o governo
venezuelano de seu dever de garantir a proteção dos direitos humanos de todos e
ressalta que esta agência da ONU "continuará monitorando a evolução da
situação no país".