MAIA: RETÓRICA DE BOLSONARO RETARDA INVESTIMENTOS

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, avalia que a retórica ácida de Jair Bolsonaro afugenta investidores e priva o próprio presidente de comandar um governo que promova um crescimento econômico "mais rápido". Segundo ele, "muitos investidores ficam incomodados com alguns discursos do presidente."

Em entrevista ao programa Roda Viva, na noite desta segunda-feira (12), Maia realçou o esforço comandado pelo ministro Paulo Guedes (Economia), pelo presidente do Senado Davi Alcolumbre e por ele próprio. "Temos um Parlamento reformista como o Brasil nunca teve", declarou. Disse estar preocupado em "não contaminar esse ambiente."

Maia citou "a questão do meio ambiente" como exemplo de tema cuja abordagem de Bolsonaro surte efeitos tóxicos. Insinuou que, ainda que as reformas reorganizem o Estado, certos discursos do presidente "podem prejudicar a possibilidade de o Brasil voltar a ser um ator econômico relevante na economia internacional e a atração de investimentos."

Horas antes, de passagem pela cidade gaúcha de Pelotas, Bolsonaro não esboçou intenção de domesticar o linguajar. Indagado a respeito dos efeitos de suas declarações polêmicas, o presidente evocou um comentário escatológico que fizera dias antes —aquele em que associara a preservação do meio ambiente ao calendário intestinal: "É só você fazer cocô dia sim, dia não que melhora bastante…"

Ao justificar-se, Bolsonaro pronunciou uma emenda que conseguiu piorar o soneto: "Você quer que eu seja 'um vaselina'? Um politicamente correto? Ou um isentão? Não, aqui é resposta direta! Fui eleito assim, não vou fugir à minha característica, com todo o respeito que eu tenho a todo mundo."

O capitão arrematou: "Quando eu falei a questão do cocô, foi uma resposta a uma pergunta idiota de um jornalista lá em Brasília. […] Eu respondi o seguinte: é só você cagar menos que, com toda certeza a questão ambiental vai ser resolvida. Não é compatível com um presidente? Votem num outro em 2022, é muito simples".

Ficou entendido, uma vez mais, que Bolsonaro não cogita domesticar a língua. Considerando-se que seu governo ainda vai durar três anos, quatro meses e 17 dias, se os resíduos que ainda serão pronunciados fossem concretos, não haveria esgoto que bastasse.