A LIGAÇÃO DE FÁBIO FARIA COM O “COACH MESSIÂNICO” QUE INTEGROU QUADRILHA QUE ROUBOU BANCOS


Ninguém pode acusar o ministro das Comunicações Fábio Faria de não saber escolher as más companhias.

Antes de aparecer num evento evangélico extremista com o foragido Allan dos Santos, Faria esteve numa live com o “coach messiânico” Pablo Marcal.

Foi em maio. Marçal é o sujeito que levou um grupo de 32 pessoas — otários é a palavra correta — para subir o Pico do Marins, na Serra da Mantiqueira, em São Paulo, e precisou ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros.

Eram 67. Os relativamente sensatos desistiram antes de atingir o cume (da imbecilidade). Todos pagaram mais de 3 mil reais pelo programa “O pior ano de sua vida”.

Marçal tem 2 milhões de seguidores em suas redes e dá lições de como ser milionário. Foi condenado, em 2010, por participar de uma quadrilha que desviou dinheiro de bancos, diz o Metrópoles.

Segundo o Ministério Público Federal, era ligado a dois homens acusados de chefiar o bando. Captava e-mails que seriam infectados com programas invasores e consertava os computadores usados pelos criminosos.

A Folha definiu os larápios como a “maior quadrilha de piratas da internet brasileira”. De acordo com a denúncia, os parceiros de Marçal causaram “prejuízos relevantes” à Caixa Econômica Federal, ao Banco do Brasil (BB) e a outras instituições financeiras. 

Para o MPF, ele era o encarregado de capturar listas de e-mails para o pastor Danilo de Oliveira, um dos cabeças. Ele alega que “apenas arrumava os computadores”. Tá certo.

Faria esteve com Marçal em maio no Instagram. A conversa dos dois bolsonaristas foi no nível: “Sou seu fã. Como você pode aguentar o tranco?” Também se perguntaram por que Doria não pode ser chamado de genocida.

Em setembro, foi a vez de Marçal bater papo com a mulher de Faria, Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos. Fica clara a intimidade. “E aí, marrentinho?”, ela o saúda.

“Os judeus são uma minoria e são donos de 55% do globo terrestre”, disse-lhe Marçal a certa altura. O pai de Patrícia é judeu e isso, aparentemente, era um elogio.

Todos eles se conhecem da Igreja Batista da Lagoinha, do pastor André Valadão, o mesmo que organizou a conferência que juntou estrelas da extrema direita em torno de teorias conspiratórias “cristãs”.

Faria mentiu, afirmando que não sabia da presença de Allan dos Santos. Você poderia achar que ele é mal assessorado, mas é simplificação. É cascateiro. O problema é andar com tanto calhorda em casa e depois vir com a lorota de que tropeçou no calhorda.


*Colaborou Bruno Versolato