FAMÍLIA DE CARLOS DRUMMOND SOBRE MEDALHA A DANIEL SILVEIRA: “VERDADEIRO DEBOCHE”


Nesta sexta-feira (1º), foi divulgada uma carta pela família do escritor Carlos Drummond de Andrade onde diz que é um “verdadeiro deboche” a entrega da Medalha Biblioteca Nacional — Ordem do Mérito do Livro, da Biblioteca Nacional, ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).

A homenagem é, historicamente, concedida a a autoridades e intelectuais que contribuem para o universo da literatura. Drummond recebeu a honraria em 1985.

O texto presente na carta diz que “diante desse verdadeiro deboche, a família de Carlos Drummond de Andrade vem a público lembrar que o poeta recebeu a homenagem quando a Biblioteca Nacional era dirigida pela escritora Maria Alice Barroso, nome respeitável que honrou e engrandeceu a Casa”.

Além disso, a família do poeta disse que, na época em que Drummond recebeu a honraria, “o Brasil era outro, com autoridades que se faziam merecedoras de respeito pela dignidade, pelo decoro e pela conduta ética, mandatários que, diferentemente de hoje, não nos envergonhavam como povo e não nos apequenavam como nação.”

No mesmo ano em que homenageado de 2022, Deputado Federal Daniel Silveira, recebeu a honraria, ele também foi condenado pelo STF a 8 anos e 9 meses de prisão, em regime inicial fechado, por ataques aos ministros da corte, em abril deste ano. Porém, no dia seguinte, o parlamentar recebeu um indulto do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Leia, a seguir, a íntegra da carta da família de Drummond

“Em 1985, o escritor Carlos Drummond de Andrade recebeu a Medalha Biblioteca Nacional – Ordem do Mérito do Livro, concedida a intelectuais e autoridades que se distinguiam pelo trabalho em favor da cultura, do conhecimento e do saber. Agora, noticia-se que a comenda será entregue ao deputado Daniel Silveira, condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal por ataques à democracia e a instituições que a legitimam. Diante desse verdadeiro deboche, a família de Carlos Drummond de Andrade vem a público lembrar que o poeta recebeu a homenagem quando a Biblioteca Nacional era dirigida pela escritora Maria Alice Barroso, nome respeitável que honrou e engrandeceu a Casa que também já teve, como diretores, intelectuais do porte de Josué Montello e Affonso Romano de Sant’Anna. Época em que o Brasil era outro, com autoridades que se faziam merecedoras de respeito pela dignidade, pelo decoro e pela conduta ética, mandatários que, diferentemente de hoje, não nos envergonhavam como povo e não nos apequenavam como nação.”