JUROS DO CARTÃO ATINGEM 451% AO ANO; ENTENDA OS EFEITOS
Os juros do cartão de crédito rotativo avançaram 5,3 pontos percentuais (p.p) e chegaram a 451,5% ao ano em agosto, o maior patamar para o mês desde 2016. A modalidade é uma das mais altas do mercado, fator que serve de alerta para os usuários em função do risco elevado de endividamento. De acordo com o economista Robespierre do Ó, para fugir de ciladas, vale a dica de organizar as contas e evitar gastar mais do que se ganha. Segundo ele, com a taxa, as dívidas com cartão podem quintuplicar em um ano, o que pode gerar impactos como a incapacidade de quitá-las.
“Se você tem um empréstimo e deve R$ 1 mil no cartão, por exemplo, em 12 meses, esse valor pode chegar a R$ 5,5 mil com a taxa em questão. É bom lembrar que no final de 2023 foi aprovado um teto pelo Conselho Monetário Nacional, que estabelece o seguinte: em 12 meses, o valor da dívida não pode ser maior do que 100% do valor original, ou seja, no caso aqui exemplificado, essa dívida não deveria ultrapassar os R$ 2 mil”, explica o economista.
Mesmo com a limitação de cobrança – em vigor desde janeiro do ano passado – os juros rotativos seguem variando sem uma queda expressiva ao longo dos meses. A medida, que visa reduzir o endividamento, não afeta a taxa de juros pactuada no momento da contratação do crédito.
Nos 12 meses encerrados em agosto, os juros do cartão de crédito rotativo subiram 24,6 p.p. para as famílias. Esse tipo de crédito dura 30 dias e é tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão de crédito. Assim, ele contrai um empréstimo e começa a pagar juros sobre o valor que não conseguiu quitar.
Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida do cartão de crédito. Neste caso específico, os juros caíram 2,7 p.p. no mês e 1,6 p.p. em 12 meses, indo para 180,7% ao ano. No total, a taxa média de juros das concessões de crédito livre para famílias teve aumento de 0,5 p.p. em agosto, acumulando alta de 6,6 p.p. em 12 meses e chegando a 58,4% ao ano.
No caso das operações com empresas, os juros médios nas novas contratações de crédito livre tiveram incremento de 0,2 p.p. no mês e 4,2 p.p. em 12 meses, alcançando 25,2%. Destaca-se, nesse cenário, a alta mensal de 9,6 p.p. na taxa média de juros das operações de capital de giro com prazo até 365 dias, que chegou a 38% ao ano.
No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado – com regras definidas pelo governo – é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito. No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoas físicas ficou em 11,1% ao ano em agosto, com redução de 0,2 p.p. em relação a julho e aumento de 1,1 p.p. em 12 meses.
Para empresas, a taxa teve variação negativa de 0,1 p.p. no mês e alta de 2,7 p.p. em 12 meses, indo para 13,6% ao ano. O economista Robespierre do Ó ensina que é preciso ficar atento para evitar dores de cabeça com a fatura do cartão de crédito no final do mês. “É bom evitar cartões com valores acima da própria capacidade e que normalmente são oferecidos pelos bancos. Também é preciso evitar o uso do limite. No mais, vale o de sempre: não gastar mais do que ganha, não comprar por impulso e se educar financeiramente”, ensina.