RN TEM 672 CASOS DE DENGUE EM 2025


O Rio Grande do Norte registrou 672 casos prováveis de dengue desde o início de 2025, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. Em Natal, o Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, publicado em 27 de janeiro, aponta 140 casos prováveis e 33 confirmados da doença. O número de registros acende um alerta para a prevenção e o controle do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.


Desde a década de 1980, a dengue tem sido uma doença recorrente no Brasil, alternando entre períodos endêmicos e epidêmicos. Em 2023, a vacina contra a dengue foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS), tornando o Brasil o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante na rede pública. No entanto, especialistas alertam que a imunização não substitui os cuidados com a eliminação de criadouros do mosquito.

De acordo com Úrsula Torres, gerente técnica da Unidade de Vigilância de Zoonoses de Natal, a população precisa adotar hábitos simples para evitar a proliferação do mosquito. “É importante aquela visita semanal no imóvel. Se cada um tirar 10 minutos para verificar o quintal, as calhas e qualquer local que possa acumular água, já estaremos impedindo a transmissão. O mosquito precisa de um período de uma semana para completar seu ciclo, então, se eliminarmos os criadouros, evitamos o problema”, destaca.

A transmissão da dengue ocorre por meio da picada da fêmea do Aedes aegypti infectada com o vírus. A doença é caracterizada por febre alta (entre 39ºC e 40ºC), acompanhada de sintomas como dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores musculares e prostração. Nos casos mais graves, podem surgir complicações como sangramentos, dor abdominal intensa, vômitos persistentes e alterações no fígado. O tratamento é sintomático, baseado na hidratação e no acompanhamento médico.

A baixa adesão à vacina também preocupa as autoridades. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve na manhã desta quarta-feira (5) na Unidade Básica de Saúde (UBS) São João, no bairro Tirol, e os funcionários relataram que as doses vêm demorando a sair. Na ocasião, existiam pelo menos 154 doses disponíveis e no dia anterior houve apenas uma aplicação.

“A prevenção hoje conta com a vacina, que já é um avanço, mas temos percebido uma baixa procura, não só para a vacina da dengue, mas para outras também. A população precisa se conscientizar e procurar as unidades de saúde para se vacinar. Mas isso vem acontecendo não somente com a dengue, mas também com outras vacinas”, enfatizou Úrsula.

Além da vacinação, outras medidas também são recomendadas para evitar a proliferação do mosquito. O Ministério da Saúde recomenda o uso de telas nas janelas, repelentes, a remoção de recipientes que possam acumular água, a vedação de reservatórios e caixas d’água, além da desobstrução de calhas e ralos.

A previsão para os próximos meses é de aumento nos casos devido às condições climáticas favoráveis à proliferação do mosquito, como o período de chuvas e o calor intenso. “O verão e essas chuvas que acontecem favorecem a proliferação do vetor, então reforçamos a importância do controle. Caso haja aumento expressivo de notificações, medidas adicionais, como o uso do carro fumacê, poderão ser adotadas em áreas com grande concentração de casos”, explica Úrsula Torres.

Em Natal, além do trabalho rotineiro dos agentes de endemias, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realiza atividades educativas nas escolas e eventos comunitários para conscientização. “Temos uma programação contínua para trabalhar a educação sanitária com os estudantes. Durante o período de férias, estivemos nas unidades de saúde e outros espaços públicos”, explicou Úrsula Torres.

O Boletim Epidemiológico de Natal também indicou que dois óbitos foram inicialmente notificados como possíveis casos de dengue, mas já foram descartados após investigação. “Todos os casos notificados entram no sistema como casos prováveis e passam por um tempo de investigação. Ao longo das semanas, divulgamos os boletins atualizados com os casos confirmados e descartados”, afirma.

Já no Boletim do Ministério da Saúde mostra que ainda existe um óbito em investigação no Rio Grande do Norte. Procurada, a Secretaria do Estado da Saúde Pública (Sesap) não comenta sobre o caso. Ainda de acordo com a pasta, estão sendo trabalhadas medidas de prevenção e combate à proliferação do Aedes aegypti no estado, essencialmente no reforço da vigilância e apoio aos municípios, que são os entes responsáveis pelas ações diretas.

“Em 16 de janeiro o Rio Grande do Norte foi o primeiro estado a instituir um Centro de Operações de Emergência para dengue e outras arboviroses, com vistas na articulação das ações conjuntas para enfrentamento à doença. Em articulação com o Ministério da Saúde, em virtude de onze municípios pedirem para não receberem mais doses do imunizante, a Sesap incluiu mais onze municípios na lista de cidades que passaram a receber a vacina contra a dengue”, cita a nota. Na última semana de janeiro, foram distribuídas 21.890 doses para 33 municípios do estado.
 
TRIBUNA DO NORTE