SAÚDE PÚBLICA NO RN, UM GRITO POR SOCORRO
A saúde é um direito fundamental, mas para os cidadãos do Rio Grande do Norte, o sistema público de saúde se transformou em um verdadeiro calvário. A realidade é de um cenário lamentável, onde a infraestrutura precária, a falta de recursos e a sobrecarga dos profissionais se combinam para criar um ambiente de desespero para aqueles que buscam atendimento. A cada dia, os hospitais da rede estadual se veem sufocados, incapazes de atender à crescente demanda, refletindo uma crise que clama por soluções urgentes.
Os principais hospitais da rede estadual, como o Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, e o Hospital Tarcísio Maia, em Mossoró, são os mais evidentes símbolos dessa crise. No Walfredo Gurgel, porta de entrada para emergências de alta complexidade em grande parte do estado, a situação é de superlotação crônica. Pacientes aguardam horas, e muitas vezes dias, por um leito, amontoados em corredores, em macas improvisadas, recebendo atendimento em condições desumanas. A falta de equipamentos adequados, a escassez de medicamentos e insumos básicos, e um corpo clínico e de enfermagem exaurido pela carga de trabalho são problemas recorrentes que comprometem a qualidade do atendimento e, invariavelmente, a vida dos pacientes.
Situação similar se repete no Hospital Tarcísio Maia, na capital do Oeste. A unidade, que deveria ser um polo de referência para a região, enfrenta os mesmos gargalos: leitos insuficientes, equipes reduzidas e uma demanda que ultrapassa em muito a capacidade instalada. O resultado é a transferência constante de pacientes para a capital, sobrecarregando ainda mais o já combalido sistema da Grande Natal.
Além das duas maiores unidades, outros hospitais regionais também padecem. A falta de investimento em infraestrutura, a manutenção precária dos equipamentos e a carência de profissionais qualificados geram um efeito cascata, comprometendo o fluxo de atendimento desde a atenção básica até os serviços de alta complexidade. A burocracia, a falta de planejamento estratégico e a descontinuidade das políticas públicas de saúde agravam ainda mais o quadro, impedindo a implementação de soluções de longo prazo e por isso esse quadro vem se arrastando a décadas.
Filas intermináveis, espera por cirurgias eletivas que se arrastam por anos e a dificuldade de acesso a exames especializados são a dura rotina de quem depende exclusivamente do SUS. A confiança no sistema público se esvai, e a desesperança se instala entre os mais vulneráveis.
É imperativo que as autoridades locais reconheçam a gravidade da situação e busquem ajuda imediata junto ao governo federal, uma vez que as combalidas finanças estaduais foram afetadas com a queda do ICMS e só agora estão sendo repostas. O Rio Grande do Norte precisa de um sistema de saúde que ofereça dignidade e esperança, não um calvário de sofrimento e descaso.
Por Bosco Afonso