PLANO REAL: OS 30 ANOS DA VITÓRIA EM CIMA DA INFLAÇÃO

Economistas que criaram o Plano Real

Enquanto se discute no Congresso Nacional a autonomia financeira do Banco Central e patina a implementação da reforma tributária, os brasileiros podem comemorar na segunda-feira (1º), os 30 anos da implantação do Plano Real, que domou a escalada da inflação e trouxe estabilidade e previsibilidade econômica ao país a partir do controle da inflação, mesmo com os percalços econômicos ocorridos ao longo de três décadas.

O Real é a 12ª moeda vigente n o Brasil e a de maior longevidade em mais de 50 anos, perdendo apenas ara o réis que vigorou desde o período colonia até o governo Getúlio Vargas, em 1942.

Em pouco mais de 50 anos são cinco moedas. O Cruzeiro, relançado em 1970, durou 16 anos. Em 1986, foi lançado o Cruzado, como símbolo no combate à inflação. Durou menos de três anos. Em seu lugar, foi lançado o Cruzado Novo, também desmoralizado pelo dragão da inflação – circulou apenas um ano.

Em 1990, o governo confiscou o dinheiro dos brasileiros e trouxe de volta o Cruzeiro. A aventura durou três anos e meio. O Cruzeiro Real foi criado na transição da URV e ficou menos de um ano.

O real foi criado no governo Itamar Franco, em 1994, para resolver uma das maiores crises inflacionárias do mundo. Na época das maquininhas de remarcar, os preços chegavam a subir três mil por cento ao ano no Brasil.

Os governos Sarney e Collor tentaram, sem sucesso, acabar com a inflação herdada dos militares. Ao assumir a Presidência , após a queda de Collor, Itamar Franco convidou Fernando Henrique Cardoso para ministro da Fazenda, com a missão de reorganizar a economia. Reuniram um grupo de economistas, coordenado por Pedro Malan, do Banco Central.

O plano de ação econômica que eles escreveram foi publicado no final de 1993. No inicio de 1994, a inflação estava em 40% ao mês, ou três mil por cento ao ano. Os preços subiam sem parar – gasolina, alimentos, prestações. A cada hora o cruzeiro valia menos em relação ao dólar. Era o caos da hiperinflação. O truque dos economistas foi criar em fevereiro uma espécie de dólar virtual, a URV, Unidade Real de Valor. A roda-viva dos preços continuava corroendo o cruzeiro, mas não atingia a URV. Em julho, a URV perdeu as letras U e V, permanecendo o R, de real. A nova moeda nascia sem a doença da hiperinflação.

Finalmente tínhamos uma moeda forte: um real valia o mesmo que um dólar. Aos poucos, sem congelamento de preços, chegaríamos a uma inflação de país desenvolvido: apenas 1,5 por cento em 1998. Mas os juros continuavam de terceiro mundo: o Banco Central jogou a taxa básica nas alturas, desestimulando o consumo e atraindo investidores para equilibrar as contas externas.

A Inflação baixa e juro alto resultaram em pouco crescimento econômico, sustentado em boa parte pelas exportações. O Produto Interno Bruto, que mede a riqueza produzida no país, crescia quase seis por cento no lançamento do real. Quatro anos depois, em 1998, a economia brasileira praticamente parou de crescer. A estagnação coincidiu com as crises externas da Ásia e da Rússia, entre 97 e 98.

Com a queda nas exportações e o fantasma da recessão, o governo desvalorizou fortemente o real no inicio de 1999. O dólar, que custava um real, passou a custar mais de dois reais, voltando depois para R$ 1,75. O Banco Central adotou o cambio flutuante e o sistema de metas para a inflação.

Outra crise econômica ocorreu a partir de 2014, depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff, que resultou no seu impeachment pelo Congresso Nacional. (Com informação da Agência Câmara).