NOVO PROTOCOLO PARA CLOROQUINA SERÁ ASSINADO NESTA 4º FEIRA, DIZ BOLSONARO
O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta 3ª feira (19.mai.2020) que 1 novo protocolo para a hidroxicloroquina será assinado nesta 4ª feira (20.mai) pelo ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello. Os 2 tiveram reunião nesta 3ª feira no Palácio do Planalto.
“O último protocolo é do dia 31 de março, permitia a cloroquina apenas em casos graves. Agora não, agora é a partir do 1º sintoma. O que é a democracia: você não quer, você não faz. Agora, quem quiser tomar que tome”, disse durante entrevista ao jornalista e blogueiro Magno Martins. Fez ainda 1 trocadilho ao aconselhar que pessoas identificadas com a direita usem a cloroquina, enquanto os de esquerda devem “tomar tubaína“.
Até o momento, não há comprovação científica sobre a eficácia da medicação. Bolsonaro, no entanto, citou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou na última 2ª feira (18.mai) estar fazendo uso do remédio de maneira preventiva (o que contraria os direcionamentos do próprio governo norte-americano).
O presidente brasileiro ainda criticou o médico David Uip, que está à frente do combate à covid-19 no Estado de São Paulo, no governo de João Doria (PSDB). Uip foi infectado pela covid-19 e não quis declarar como se curou (o que tem respaldo na ética da Medicina).
“O David Uip se negou a dizer o que tomou… Meu Deus do céu! O Donald Trump falou ontem que está tomando de forma preventiva até. O avião está caindo e tem os paraquedas que não foram testados pelo Inmetro. E daí? Você vai dizer que o paraquedas não foi testado ou vai usar?”, questionou.
O entrevistador Magno Martins perguntou a Bolsonaro quando escolheria o novo ministro da Saúde. O presidente disse que “por enquanto, deixa lá o general Pazuello”. Isso porque, segundo o presidente, o interino “está indo muito bem, é uma pessoa muito inteligente, é 1 gestor de primeira linha”.
Bolsonaro afirmou que o ex-ministro Nelson Teich (Saúde) continua sendo seu “amigo” e está “quase apaixonado por ele”. O presidente também disse que Teich tem ligado para Pazuello e ajudado informalmente nas tarefas do ministério, “diferente do anterior, [o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta], que está criticando”.
POLÍCIA FEDERAL
O presidente afirmou que o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza, tem “carta branca” para trocar superintendentes do órgão. Ele deu a declaração após ser perguntado pelo entrevistador sobre operações em Pernambuco que teriam deixado de ocorrer por interferências do governo estadual.
“Ele tem carta branca. Qualquer troca ele que vai fazer. Parece que tinha algum problema de produtividade em alguns Estados. (…) O próprio Rio de Janeiro, que é 1 Estado que sempre reclamei, e já tem operações”, afirmou.
Bolsonaro mencionou em mais de uma ocasião a superintendência da PF no Rio, na qual ele foi acusado pelo ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) de tentar interferir. O presidente, no entanto, citou as operações que atingem o governo daquele Estado, comandado pelo governador Wilson Witzel (PSC), seu adversário político.
“No Rio de Janeiro já tem gente presa. Vou dar minha continência para a PF aí. A PF está indo para cima aí. As investigações estão a todo vapor. (…) Não é porque está liberada a licitação que pode fazer barbaridade”, disse em referência à compra de equipamentos para combater a covid-19.
PARTICIPAÇÃO EM ATOS
Bolsonaro também defendeu sua participação em manifestações, como a de domingo (17.mai). Ele disse que na ocasião não havia faixas que pedissem fechamento do Congresso ou do STF (Supremo Tribunal Federal). A reportagem do Poder360, que acompanhou o evento, também não identificou cartazes com esse pleito.
Antes e depois da participação de Bolsonaro, no entanto, havia faixas com essas diretrizes. Da mesma forma, alguns manifestantes exibiram na frente do Palácio do Planalto nesta 3ª feira (19.mai) 1 cartaz que pedia “intervenção militar”. E outras manifestações com participação de Bolsonaro tinham como pautas principais algumas bandeiras antidemocráticas.
No Dia do Exército, por exemplo, manifestantes pediram em uníssono o restabelecimento do AI-5 (Ato Institucional 5), o mais repressor da ditadura, que legalizou a perseguição a opositores políticos. O pedido foi feito assim que Bolsonaro subiu na caçamba de 1 carro para discursar.
“Não existe AI-5. Os atos existiam no passado. Você não pode criticar 1 Poder. Critique pessoas. Não pode [criticar] o Parlamento como 1 todo, porque nós temos que viver dentro de regras. (…) Está indo bem no nosso relacionamento com o Parlamento. Pode ter certeza que nós temos maioria no Parlamento”, disse.
O presidente ainda declarou que existem governadores que agem como “ditadores” ao descumprir seu decreto que amplia as atividades essenciais durante a pandemia. Na semana passada, ele incluiu salões de beleza, barbearias e academias de todas as modalidades esportivas.
“O que 1 surfista pode contaminar alguém, meu Deus do céu? (…) Isso é bom para o Estado, é uma chance daquele indivíduo, uma vez contaminado, como está com uma boa saúde, não ir para o hospital. É por isso que eu abri as academias”, disse.