ROGÉRIO MARINHO VOLTA A DEFENDER ANISTIA A GOLPISTAS DO 8 DE JANEIRO


O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL), voltou a defender uma anistia aos presos e condenados pelos atos antidemocráticos do 8 de janeiro. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, na última sexta (7), o parlamentar defendeu que a medida seria uma forma de “reconciliação do país”.

“Tenho visto algumas vozes da imprensa absolutamente escandalizadas com a hipótese de uma anistia de reconciliação do país. Metade da população brasileira está dizendo que não aprova a maneira como o presidente da República está se comportando [a pesquisa Quaest de maio indicou que a avaliação do governo é 33% positiva, 33% negativa e 31% regular. O trabalho de Lula teve 50% de aprovação e 47% de reprovação]. Isso claramente é em função do fato de que ele só olha pelo retrovisor. Os discursos são sempre no sentido de dividir. Está se aprofundando um fosso nesse país que não interessa a ninguém”, afirmou o senador.

“Para nós isso [anistia] é uma questão que independe de quem vai ser o próximo presidente do Congresso ou da Câmara. É um sentimento de que é necessário reconciliar o país. Se está maduro ou não o processo de anistia, quem vai dizer é a própria conjuntura, a própria circunstância. Eu estou dizendo a você que eu sempre defendi, e que é uma característica do Brasil, não tem nada de extraordinário. Dilma Rousseff, por exemplo, foi anistiada”, continuou.

Não foi a primeira vez que o senador potiguar defendeu a medida. No final de janeiro, parlamentares da oposição convocaram uma coletiva de imprensa, reunindo nomes — além de Marinho — como Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Eduardo Girão (Novo-CE), Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Marcos do Val (Podemos-ES), Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Carlos Portinho (PL-RJ), dentre outros.

Na ocasião, o parlamentar potiguar defendeu a volta a uma “normalidade democrática com o encerramento desses inquéritos que não terminam nunca e que geram centenas de filhotes” e defendeu um processo de anistia. A fala veio na esteira de operações que, naquele período, atingiram aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como os deputados Carlos Jordy (PL-RJ) e Ramagem, alvos das Operações Lesa Pátria e Vigilância Aproximada, respectivamente.

No começo do ano, também foi a vez de Rogério Marinho (PL) criticar o ato “Democracia Inacabada”, organizado pelo Congresso Nacional em alusão a ataques antidemocráticos. O potiguar, ao lado de Styvenson Valentim (Podemos) e mais 28 parlamentares, subscreveu um manifesto contra o ato marcado em alusão ao aniversário dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro. Os políticos criticam o Inquérito 4.781/DF, conhecido como “inquérito das fake news” por violar “princípios constitucionais”, onde o Supremo Tribunal Federal (STF) seria “vítima, investigador e julgador”.

Em fevereiro do ano passado, pouco mais de um mês após as prisões dos golpistas, Marinho e outros senadores chegaram a ir até o Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, para visitar os presos. Em julho, o parlamentar ainda chorou durante audiência pública realizada no Senado. O motivo, segundo ele, foi pensar nas pessoas presas.

Mais de 200 homens e mulheres já foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo envolvimento no 8 de janeiro, por prática dos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.