COMBATE AO ANALFABETISMO AINDA É UM DESAFIO NO RIO GRANDE DO NORTE
Em um intervalo de 30 anos, o RN reduziu em 21% o número de analfabetos, ou seja, aquelas pessoas que ainda não sabem ler e nem escrever. Segundo o Censo Demográfico , divulgado pelo IBGE, o estado apresentou uma taxa de alfabetização de 86,14% entre a população de 15 anos ou mais em 2022 e uma taxa de analfabetismo de 13,86%, o que ainda se apresenta como desafio para a educação estadual.
O assunto ganha destaque uma vez que o Dia Nacional da Alfabetização foi comemorado nesta quinta-feira (14). A doutora em educação e professora da UFRN, Letícia Carvalho, explica que quando se fala em alfabetização, é preciso pensar em 2 grupos distintos: as crianças que estão no 2º ano do Ensino Fundamental e os Jovens e Adultos que não foram alfabetizados na idade certa. Para ela, ainda há reflexos da pandemia da covid-19, que interferiu diretamente nas atividades educacionais, prejudicando o aprendizado dos alunos.
“Há indicadores nacionais, como o Criança Alfabetizada, que apontam, por exemplo, que em 2023, 56% das crianças do 2º ano podiam ser consideradas alfabetizadas, segundo os parâmetros estabelecidos. Para esse ano de 2024 a meta é de 60%, o que demonstra que temos um grande desafio educacional pela frente”, avalia a professora.
Os dados do RN indicam que esse número é de 37% das crianças alfabetizadas, definido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para o 2º ano do ensino fundamental. Apesar dos avanços, letícia Carvalho ressalta que os dados das avaliações em larga escala sinalizam que há outros aspectos a serem pensados, como a segurança alimentar.
“Como aprender sem realizar refeições adequadas? Vimos inclusive situações de crianças que desmaiaram na escola por falta de comida. Posso afirmar: enquanto não pesarmos a educação de forma orgânica, alinhada aos outros direitos sociais, o analfabetismo sempre será uma realidade”, pontua.
Ela destaca que, no dia da Alfabetização, a discussão poderia girar em torno da alfabetização tecnológica, por exemplo, mas o país ainda tenta alfabetizar jovens e adultos desconsiderando a cultura social de referência desses sujeitos. O RN tem uma taxa de alfabetização superior aos estados do Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí e Alagoas. Esse índice vem aumentando ao longo dos anos. No Censo de 1991, o RN alcançou a taxa de 65,1% da população alfabetizada. Na medição do ano 2000 a taxa era de 76,2% e em 2010, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), 82,2%. Em um intervalo de 30 anos, o RN reduziu 21% no número de analfabetos.
Para Letícia, ações como a Política Territorial de Alfabetização de Crianças revelam a preocupação, ao passo que a Educação de Jovens e Adultos foi negligenciada no que se refere à Base Nacional Comum. “A favor de quem e a favor de quê ainda existem pessoas não alfabetizadas no Brasil? Quem ganha com a ignorância do povo? Que acesso as crianças brasileiras têm a livros literários em suas casas? Fica a reflexão, nesse dia tão importante”, sugere.