DADOS MOSTRAM AUMENTO DOS CASOS DE SUICÍDIO NO BRASIL
Dados compilados pelo Ministério da Saúde, através do DataSUS, mostram que o número de suicídios no Brasil aumentou 136% desde 2015. Enquanto em 2015, 7.671 pessoas tiraram a própria vida, os números mais recentes de 2022 apontam um salto para 16.462. Isso equivale a uma média de 45 suicídios diariamente. Para os especialistas, esses números preocupam e emergem a necessidade de cuidados da saúde mental da população, além do preparo dos profissionais e das forças de segurança para acolher esse cenário.
Izabella Camargo, jornalista e escritora, foi uma das palestrantes do IV Seminário de Saúde Mental e Prevenção, realizado nesta quarta-feira (18), no Teatro Riachuelo. Com o tema “Cadê os IPIs da Saúde Mental?”, a convidada apresentou diretrizes para que as empresas e indivíduos estejam alinhados com o objetivo de preservação do cuidado mental, coibindo o assédio moral.
“Quando a gente está falando de saúde mental, nós estamos falando de direitos e deveres que todos assediador precisa ter consciência. Aquilo que ele está fazendo vai provocar uma consequência, a do afastamento e do adoecimento. Se o custo humano não tiver sendo respeitado, o custo econômico vai exigir esse novo posicionamento da liderança”, afirma.
Uma das medidas sugeridas pela profissional é a criação de uma sinalização pessoal no ambiente cooperativo que permita a abertura de disponibilidade para diálogos ou não, a partir do nível de concentração nas demandas diárias. “Esse é um EPI muito simples e criado de uma maneira lúdica que faz com que a gente comece a ampliar o repertório nesse assunto”, explica.
Dentro desse cuidado, as forças de segurança desempenham um papel essencial. O Coronel Diógenes Munhoz, do Corpo de Bombeiros Militar de São Paulo, esclareceu mais detalhes sobre o Protocolo Nacional de Abordagem Técnica a Tentativa de Suicídio. Hoje, parte dos primeiros profissionais acionados para atendimento de uma emergência como a tentativa de suicídio são os bombeiros e policiais militares. Para isso, é importante uma capacitação contínua de humanização desse atendimento.
“A escuta compassiva é a grande chave para a redução dos índices de suicídios consumados. Você faz com que pessoas saibam ouvir as outras pessoas que estão nos seus piores momentos de vida.
Hoje nós vivemos em um mundo tão acelerado que a gente não consegue mais doar a audição. Essa técnica faz com que as pessoas sejam acolhidas e desistam naturalmente”, considera. De acordo com ele, essa aplicação em São Paulo, resultou na desistência de 23,3% das ocorrências de tentativa de suicídio.
O evento reuniu mais de 1,6 mil pessoas e também contou com o psiquiatra Neury Botega no tema “O Impacto do Comportamento Suicida”, a psicóloga Karen Scavanici com “Tecnologia e Prevenção ao suicídio: para onde estamos indo?”, e a mesa redonda “Saúde mental: a importância de falar sobre o suicídio” com a psiquiatra Adriana Araújo, as psicólogas Cristina Hahn e Mariana Cella, e a subcoordenadora de Redes de Atenção e Linhas de Cuidado, Caroline Sobral.
RN adere ao “Escuta Susp”
Durante o evento, o Governo do Rio Grande do Norte foi o quarto estado brasileiro a assinar a adesão ao programa Escuta Susp, desenvolvido pelo Ministério da Saúde para promover o cuidado da saúde mental aos profissionais da segurança pública. A ação aconteceu durante o Seminário, com a presença da governadora Fátima Bezerra e do secretário nacional da Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo.
O Sistema Único de Segurança Pública (Susp) é destinado a policiais e bombeiros militares, policiais civis e servidores do Instituto Técnico-Científico de Perícia. Apenas no território potiguar, são aproximadamente 12 mil profissionais.
Estão aptos a solicitar atendimento do Escuta Susp aqueles profissionais de segurança pública da ativa que estejam passando por situação de sofrimento psicológico, e que não possuem atendimento ou acompanhamento de forma presencial. Os pedidos deverão ser realizados no site: www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-seguranca/seguranca-publica/escuta-susp.