FLUMINENSE DESAFIA LÓGICA FINANCEIRA CONTRA O AL HILAL E É IMPULSIONADO POR SONHO DE FAZER HISTÓRIA
Em busca de uma vaga nas semifinais da Copa do Mundo de Clubes, contra o Al Hilal, hoje, às 16h (de Brasília), em Orlando, o Fluminense já protagoniza uma verdadeira façanha esportiva e administrativa. Diante de adversários bilionários, o clube carioca avançou na competição com a menor folha salarial e o menor poder de investimento entre os oito classificados — e não por uma margem pequena. Enquanto gasta R$ 143,6 milhões por ano com salários, seu adversário gasta quase dez vezes mais: R$ 1,134 bilhão.
— Fora do campo eles nos atropelam na parte financeira, dentro do campo são 11 contra 11. Na minha opinião é 50% (chance) para cada lado. A melhor equipe do mundo é a que ganha. O melhor esquema do mundo é o que ganha. Dinheiro é importante, mas o futebol é decidido dentro nas quatro linhas. Temos adversário difícil. Estamos mostrando nossa força, a gente pode chegar — disse Renato Gaúcho, desafiando a lógica.
— Queria ver um gringo fazendo um trabalho que eu estou fazendo no Fluminense. Eu gostaria de estar numa temporada num clube grande da Europa e eles virem treinar o Fluminense “patinho feio” e dar resultado. Aí você vai ver quem é o bom — bradou o técnico, que não confirmou a escalação da equipe nem o esquema tático que vai utilizar. A tendência é manter a formação com três zagueiros e Fuentes na vaga do suspenso René.
A campanha até aqui é uma rara combinação de eficiência esportiva e equilíbrio financeiro. E representa, para o futebol sul-americano, uma mensagem poderosa: competir com menos também é possível. O Fluminense entrou na disputa em pé de igualdade, apoiado em um modelo de jogo competitivo e no bom aproveitamento de seus recursos técnicos.
Mesmo entre os brasileiros, a distância é notável. O Palmeiras, com a segunda menor folha da lista entre os oito finalistas — e possível adversário na semifinal —, gasta mais que o dobro do tricolor com salários, com R$ 264,6 milhões por ano. No topo, aparecem os gigantes europeus, com cifras incomparáveis, com quatro deles na casa do bilhão. Um abismo financeiro que o clube carioca tem superado com futebol, organização e espírito coletivo.
Premiação bem-vinda
Em comparação com o Al Hilal, a diferença também chama atenção. Basta lembrar que, após a classificação contra o Manchester City, o clube saudita pagou um bicho extra de R$ 3 milhões para cada jogador. O Fluminense também tem seu sistema de premiações. Segundo o presidente Mário Bittencourt, o clube aplica sempre o mesmo modelo de bonificação para torneios de mata-mata, como a Libertadores, a Copa do Brasil e, agora, o Mundial. Os jogadores recebem bônus por metas alcançadas, como a classificação para fases seguintes, e não apenas por vitórias ou títulos. Tudo é definido com antecedência, para evitar qualquer tipo de negociação em momentos decisivos.
O dirigente reforça que esse modelo é estratégico, pensado de acordo com a realidade financeira do clube, e garante previsibilidade para todos os envolvidos. Com menos investimento, o Flu mostra ao mundo que futebol ainda é sobre talento, estratégia e entrega. E que é possível sonhar alto mesmo quando os números parecem jogar contra.
O clube já garantiu cerca de R$ 218,4 milhões em premiações no Mundial — um valor que, sozinho, ultrapassa a folha salarial do elenco no ano inteiro. Pela simples participação, foram US$ 15,21 milhões (R$ 83,85 milhões). Na fase de grupos vieram mais US$ 4 milhões (R$ 22 milhões). A classificação às oitavas acrescentou US$ 7,5 milhões (R$ 41,35 milhões), e o avanço às quartas rendeu mais US$ 13,1 milhões (R$ 71,2 milhões). Valores que ainda podem crescer. Se avançar às semifinais, o clube embolsará mais US$ 21 milhões (R$ 115,78 milhões). O vice-campeonato pagaria US$ 30 milhões (R$ 165,4 milhões), e o título, US$ 40 milhões — nada menos que R$ 220 milhões. Como diz o ditado: sonhar é de graça.
— Se hoje estamos vivendo esse momento mágico, precisamos continuar entrando na história do clube. E se entra na história conquistando. Podemos botar o clube numa semiifinal dos melhores clubes do mundo, precisamos viver esse momento, essa entrega, não sabemos se vamos ter outra oportunidade. A entrega tem que ser 101%. É viver o momento, continuar sendo feliz, ter essas atitudes no campo. Espero que a gente possa estar em uma tarde muito feliz novamente, que continue sonhando esse sonho — finalizou Renato Gaúcho.