MACAU E GUAMARÉ NA MIRA DO MPRN NOVAMENTE
O promotor do patrimônio público,
Rinaldo Reis, completou na semana passada um ano na Procuradoria Geral
de Justiça (PGJ). E se engana quem pensa que, na atividade fim, os dois
maiores centros urbanos, Natal e Mossoró, tem representado os pontos
mais preocupantes para ele. Em entrevista exclusiva concedida aO Jornal de Hoje,
Rinaldo Reis afirmou que Macau e Guamaré, no litoral setentrional do
Estado, são os municípios que requerem mais atenção da PGJ.
“Macau e Guamaré,
inclusive, têm sido preocupações mais relevantes da nossa gestão. Hoje,
há um vasto material das duas cidades que está sendo analisado,
periciado, pelo GAECO (Grupo de Apoio
e Combate ao Crime Organizado). É porque é muita coisa para ser
analisado, há muito documento, e temos certa dificuldade até porque não é
tão fácil encontrar instituições para periciá-las”, afirmou ele,
respondendo a pergunta específica sobre a Operação Máscara Negra, que
foi deflagrada no ano passado com o intuito de apurar superfaturamento
na contratação de bandas para as festas nas duas cidades e, até hoje,
não virou ação civil pública ou penal. “Deveremos ter novidades em breve
sobre esse assunto”, acreacentou ele.
Por sinal, segundo Rinaldo Reis, o Ministério Público tem dado atenção especial a três tipos de contratos
que são as principais formas de “sangria dos recursos públicos”: os
firmados para apresentação de bandas; os referentes à limpeza urbana das
cidades; e os de aluguel de veículos.
“Estamos tentando
fazer um trabalho de auxiliamento ao trabalho do promotor, para que seja
mais célere no que diz respeito a apuração de denúncias que chegam ao
MP no interior do Estado. Desde a gestão passada, existe um grupo de
apoio aos crimes contra à administração pública.
E são esses três tipos de contratos que vemos como onde há maior
sangria de recursos públicos. Percebemos, inclusive, que há uma forma
uniforme de ação, das irregularidades. Há uma forma semelhante de agir e
de se beneficiar com esses esquemas”, afirmou Rinaldo Reis.
Segundo o
procurador geral de justiça, isso mostra que o MP tem trabalhado para
amenizar um dos pontos que significam a maior preocupação para o órgão
auxiliar: a agilidade nas respostas no interior do RN. Isso porque, apesar de
haver um considerável número de denúncias, sobretudo referentes a
desvio de recursos públicos, nem todas viram ações civis ou penais.
“FPM seria suficiente se recursos públicos fossem bem geridos”
Além disso,
Rinaldo Reis também demonstrou, em entrevista aO Jornal de Hoje, uma
opinião bem diferente do que pensa boa parte dos políticos
(pré-candidatos) da atualidade, que defendem um reajuste no repasse do Fundo de Participação
dos Municípios (FPM), como forma de amenizar as dificuldades
administrativas pelas quais passam as cidades do interior. Para Reis, os
recursos hoje repassados pelo Governo Federal poderiam ser suficientes
para uma boa gestão, se os prefeitos administrassem de maneira correta
os gastos.
“Acredito que se houvesse uma boa gestão de recursos
públicos, e aí não falo só de corrupção, mas sim de otimização de
gastos, talvez muitos municípios não tivessem do que reclamar. O que
hoje um dos principais problemas dos municípios na minha opinião é o
inchaço da máquina pública”, analisou Rinaldo Reis.
Isso porque, conforme apontou o procurador geral de justiça, há um gasto excessivo com mão de obra,
ou seja, um número muito alto de servidores, com o único intuito de
manter a popularidade do gestor municipal. Dessa forma, tem-se a
dificuldade não pela falta de recursos ou pela necessidade de aumentar o
FPM, mas sim pelo comprometimento dessa verba com gastos com o pessoal.
“A gente vê municípios muito pequenos, com mil,
dois mil funcionários. E eles não podem demitir essas pessoas porque
são ‘políticos’ e não podem tomar atitudes como essas, antipopulares.
Então, vemos que a má gestão
é um fato. E isso acontece na grande maioria dos municípios do RN e do
Brasil. Então, além da corrupção, existe a má gestão e o inchaço da
máquina pública. O FPM vai quase todo para pagamento da folha dos servidores”, acrescentou Rinaldo Reis.
O debate em torno
da necessidade de reajuste do FPM tem sido constantemente apontada por
vários políticos, inclusive do Rio Grande do Norte, como fundamental
para a melhoria na qualidade de vida nos municípios do interior. Segundo eles, hoje os prefeitos estão “com o pires na mão”, não tendo recursos públicos para gastos com educação e saúde, por exemplo, e ficam reféns da ajuda dos governos federais ou estaduais.
BANIMENTO
Na entrevista
exclusiva publicada neste final de semana n’O Jornal de Hoje, Rinaldo
Reis comentou também a situação das candidaturas de alguns dos
envolvidos em escândalos denunciados pelo Ministério Público do RN –
como a ex-governadora Wilma de Faria, que teve o governo marcado por
várias ações e, agora, é candidata ao Senado Federal.
“A Legislação
Brasileira permite que as pessoas continuem se candidatando apesar de
terem ações criminais, de improbidade administrativa e até condenações
em primeira instância. Eu, particulamente, acho isso lamentável, mas a
Legislação permite. Por isso, acho que cabe a população fazer esse juízo
crítico e, então, ver o que é melhor. A Lei da Ficha Limpa
até que ajudou nisso, mas é preciso que a população escolha bem os seus
governantes. A população deveria banir quem ela sabe que se envolveu
nesses escândalos”, analisou Rinaldo Reis.
(Fonte blogdonetobarbosa)