BOLSONARO NÃO APRENDE NADA COM ERROS DE MACRI
Em entrevista ao Estadão, Jair Bolsonaro fez um par de declarações reveladoras. Numa, afirmou que "a esquerda não tem futuro no Brasil num curto espaço de tempo". Acha que nem a provável saída de Lula da cadeia reanimará os rivais, porque "a corrupção foi praticada de forma ampla, geral e irrestrita" no país, "tem muitas pessoas presas e outras respondendo a processos".
Noutra, Bolsonaro praticamente se apresentou como único representante da direita. E pronunciou algo muitom parecido com uma autoironia. "A esquerda está preocupada porque não está trabalhando", declarou. Por quê? Não é necessário. "A oposição é feita do lado de cá", ele disse. "Isso tem que parar de existir".
O resultado das eleições presidenciais na Argentina indica que Bolsonaro deveria refinar suas avaliações. Há quatro anos, seria internado como louco alguém que dissesse que Cristina Kirchner voltaria à Casa Rosada. Pois madame, camuflada na posição de vice, voltou ao poder carregada pela mesma insatisfação que elegera o agora derrotado Mauricio Macri.
Num instante em que o noticiário sobre a Lava Jato provoca bocejos e o Supremo se prepara para abrir as celas dos condenados em segunda instância, é temerário dizer que a imagem da corrupção impedirá reviravoltas no Brasil. Bolsonaro deveria parar de fazer oposição a si mesmo e se concentrar no essencial: a economia. Ou entrega resultados ou, a exemplo de Macri, pode se tornar um candidato favorito a fazer de algum adversário o próximo presidente do Brasil em 2022.