MORO DIZ QUE NÃO QUER RENUNCIAR À SUA PRÉ-CANDIDATURA PARA ‘ALGUÉM QUE TEM 1% OU 2% NAS PESQUISAS’


O ex-ministro Sergio Moro reafirmou nesta terça-feira que considera ser o nome mais competitivo para a candidatura presidencial da ‘terceira via’. Segundo ele, o cenário deve permanecer o mesmo até julho deste ano, quando o martelo deve ser batido sobre uma possível convergência entre partidos como MDB, União Brasil e PSDB. Moro falou sobre o assunto durante um almoço com empresários na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), onde esteve com sua esposa, a advogada Rosangela Wolff Moro, e com o general Alberto Santos Cruz.

— Lá adiante, se as pesquisas apontarem um candidato mais competitivo do que eu, não tenho nenhum problema (em abrir mão da candidatura). Mas, hoje, vou te dizer que em julho ainda serei o candidato mais competitivo dessa terceira via. E aí eu gostaria de ver o movimento contrário. Porque ou é para valer e se quer uma terceira via no país ou é conversa fiada e se quer realmente Lula ou Bolsonaro — declarou Moro, no evento.

E acrescentou:

— Não posso renunciar minha candidatura para alguém que tem 1% ou 2% nas pesquisas, quando a gente tem lá 10%, 9%, 8% a depender das pesquisas. Não tenho essa vaidade, mas tenho o sonho de mudar o país.

Segundo a última pesquisa Datafolha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue liderando a disputa com 43% das intenções de voto. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em segundo lugar com 26%.

Mais atrás, aparecem os candidatos do Podemos, Sergio Moro, com 8%, do PDT, Ciro Gomes, com 6%, do PSDB, João Doria (PSDB), com 2%, do Avante, André Janones, com 2%, do MDB, Simone Tebet, com 1%, e do Novo, Felipe D’Ávila, também com 1%.

Moro mencionou que teve um jantar ontem com o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, com quem discutiu a possibilidade de candidatura única.

— Ontem estive com o presidente do União Brasil. Semana passada estive com a Simone Tebet (MDB). Tenho tido conversas com outros expoentes que podem construir essa proposta. Eu coloquei meu nome à disposição, mas nunca tive essa vaidade de ser presidente da República, a gente quer mudar o país para melhor — disse.

Nas redes sociais, depois do encontro, Moro afirmou que ele e Bivar reforçaram a necessidade de “um único candidato do centro político democrático contra os extremos”. Disse, ainda, que o presidente do União seria “um ótimo vice-presidente ou cabeça de chapa” e o que os dois estarão juntos “de 2022 a 2026, pelo menos”.

Questionado sobre uma possível composição, na candidatura única, com Ciro Gomes, Moro afirmou que “o diálogo tem que ser feito em relação a todos os envolvidos nesse debate” e que os critérios para a definição dos nomes ainda será definido. Perguntado sobre uma união com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), no entanto, o ex-juiz mostrou maior animação.

— Eduardo Leite é um grande quadro da política brasileira e é bem-vindo a somar esses esforços na discussão da construção de uma candidatura única — afirmou.

De acordo com pessoas que acompanham as conversas, o assunto só deve avançar a partir de abril, depois do período da janela partidária.

Moro também comentou sobre a composição do ex-governador Geraldo Alckmin como vice na chapa de Lula. Para o ex-juiz, Alckmin é um “vice de fachada”, já que não muda a postura política e econômica de Lula.

— É um vice de fachada, que contraria, em suas declarações, tudo o que falou no passado. Como que ele, que se colocou como anti-Lula, denunciando a corrupção do PT de forma tão veemente, pode agora estar figurando como vice? Isso não implicou agora em uma mudança de discurso do principal componente da chapa, o Lula. A presença de um vice de fachada não muda o quadro. Tem que perguntar ao Alckmin, então, o que ele pensa sobre as propostas econômicas feitas pelo Lula, pra ver se ele tem autonomia e competência pra seguir nessa chapa — completou.

Também presente no evento, o general Santos Cruz não quis dar pistas sobre seu futuro político. Ele foi convidado por Moro para ser candidato ao governo do Rio, o que representaria um palanque importante para o ex-juiz. Houve também propostas para que Santos Cruz concorresse ao Senado no estado. Até o momento, no entanto, ele segue com seu domicílio eleitoral em Brasília, cidade onde mora. A troca teria que ser feita até o próximo sábado, 2 de abril, caso ele decidisse concorrer no Rio.

— Tem ainda três ou quatro dias, mas a tendência é ficar em Brasília, mesmo. Vou deixar estourar o prazo.

Moro criticou a demissão do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, e disse que a troca “é uma verdadeira cortina de fumaça para fingir que está sendo feito alguma coisa quando, na verdade, não está sendo feito nada”. Ele questionou o motivo da decisão tomada pelo presidente Jair Bolsonaro e chamou o movimento de “pirotecnia”. Se chegar ao governo o ex-juiz planeja privatizar a Petrobras, assim como “todas as empresas estatais”, mas sem transformar o “monopólio público em um monopólio privado” de modo que exista concorrência no mercado.

— Como o presidente Bolsonaro não deu nenhuma informação sobre isso ou resposta, eu diria que essa troca não justifica e só gera instabilidade. A redução do preço dos combustíveis passa por reformas mais gerais e crescimento econômico do Brasil com o controle da inflação.