APROVADO EM MEDICINA APÓS QUATRO TENTATIVAS ENALTECE PAPEL DA FAMÍLIA


Na trajetória do potiguar Alan Sávio, de 22 anos, a paixão pela medicina começou na infância. Filho de uma mãe dedicada, costumava realizar exames médicos de forma periódica. Quando estava nas unidades de saúde, seus olhos se encantavam com a rotina dos profissionais da área. Com o tempo, a admiração começou a tomar forma de propósito. Em 2021, iniciou os estudos para ingressar no curso de medicina com o desejo de poder cuidar de pessoas no futuro. Após quatro anos de dedicação, tendo como alicerce principal a família, conseguiu a tão sonhada aprovação na Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM) da UFRN via Sisu 2025.


“Desde criança, a medicina sempre esteve no meu coração, mesmo antes de entender o que era medicina. Ao ver os profissionais médicos, os profissionais da saúde de maneira geral”, compartilha Alan. A inspiração também se fez presente quando ingressou no ensino médio técnico em eletrotécnica no IFRN da zona Norte de Natal, em 2018. Nessa época, comenta, teve contato com vários veteranos que tinham conseguido passar em medicina e o incentivaram.

Embora ele tenha iniciado os estudos para o Enem durante os primeiros anos do ensino médio, aliando com as atividades escolares, foi apenas em 2021 que começou a dedicar-se com maior foco à sua aprovação. Com o resultado da edição do Enem daquele ano, conseguiu passar em Enfermagem. Em 2022, alcançou aprovação em biomedicina. Em ambos casos, resolveu não ingressar.

“Em 2022, eu passei para Biomedicina. Mas falei com minha mãe e conversei com a minha família. Disse: ‘mãe, não vai dar certo’. Então fiz o segundo ano de cursinho para valer em 2023. Nesse segundo ano de cursinho, a vida me surpreendeu não da forma que eu queria. Fiquei doente, precisei fazer acompanhamento médico constante e aquilo foi o ‘start’ para começar a abrir o leque de possibilidades das graduações que eu poderia cursar”, relata Alan.

Foi buscando novas alternativas para além da medicina que o estudante teve interesse pela área de enfermagem. Com a nota do Enem 2023, foi aprovado para o curso novamente na UFRN. Dessa vez, resolveu ingressar, mas sem esquecer seu verdadeiro propósito. “Foi uma escolha maravilhosa, mas meu sonho esteve sempre guardado no coração, com aquela esperança de que um dia daria certo”, comenta.

Fé, persistência e apoio familiar rumo à aprovação

No ano passado, Alan comenta que não tinha a intenção de realizar o Enem. No entanto, sua rede de apoio o fortaleceu para mais uma tentativa. “Apesar desse ano de 2024 eu ter decidido não tentar mais, minha mãe falou ‘meu filho, tenta pelo menos essa vez. Vai que você passa’. Então falei, ‘mãe, vou tentar, mas eu tô tão cansado de fazer o Enem’”, compartilha.

Mesmo com um pouco de desânimo, o estudante foi buscando conciliar os estudos da graduação em enfermagem com as revisões de conteúdos para realizar o Enem. Quando o Sisu 2025 teve início, escolheu duas opções de instituições para cursar medicina: a primeira foi a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a segunda a Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM). O desejo verdadeiro de Alan, contudo, era ingressar na EMCM.

Isso porque a ideia de ir para outro Estado e deixar a família não estava lhe fazendo bem, tampouco parecia ser seu caminho. Mesmo com o desconforto, teve receio de que a nota de corte da EMCM fosse muito alta e ele não conseguisse passar. Somente no último dia de Sisu, incentivado pela fé, colocou a instituição como sua primeira opção.

“Decidi colocar porque eu tive uma sensação muito boa e muito forte quando vi um vídeo de um veterano de medicina, de Caicó, ajoelhado, em frente à estátua de Santa Rita, lá em Santa Cruz. Quando eu vi aquela imagem, eu falei ‘meu Deus, alguma coisa está me pedindo para eu colocar a minha nota lá em Caicó’. Até então, a decisão que eu tinha tomado era que eu iria para a Bahia”, compartilha Alan.

Com sinceridade, o estudante afirma sem pensar duas vezes o sentimento ao ter alcançado a aprovação: “O sentimento foi de alegria, de ter tirado um peso das minhas costas. A sensação que eu tinha era de sempre estar andando com a mochila cheia de pedras nas minhas costas por não ter conseguido realizar esse sonho ainda”.

De acordo com Alan, o sentimento de desistência é comum quando se está há muito tempo buscando a aprovação, mas o suporte da família foi seu principal combustível. “Minha base principal para continuar foi minha família. Quem me deu forças foi minha família. Quem me deu as condições necessárias foi minha família. Eles me possibilitaram, mesmo no aperto financeiro, a só estudar. Dentro daquela realidade financeira que a gente vivia e que a gente vive ainda, só estudar é realmente um privilégio. Então, eles deram essa oportunidade para mim, foi o que me sustentou esse tempo todo”, ressalta.