NA GLOBO, MARIETA SEVERO RELEMBRA DITADURA E MANDA INDIRETA PARA BOLSONARO


Marieta Severo, a eterna Dona Nenê de “A Grande Família”, é uma atriz renomada da teledramaturgia brasileira. Quem vê sua carreira bem-sucedida atualmente não imagina os momentos complicados que a atriz passou durante a ditadura militar. Com diversas memórias que jamais irá esquecer, Marieta não faz questão alguma de esconder os detalhes sórdidos dessa época.

A atriz, que viveu exilada durante o regime militar, foi uma das convidadas do programa “Altas Horas” deste sábado (25), falou sobre sua vida, carreira e não pensou duas vezes antes de falar sobre a atual situação política do Brasil. Sem citar nomes, Marieta falou sobre discursos de ódio, prática que acabou se tornando muito comum com o presidente Jair Bolsonaro e todos aqueles que estão alinhados a sua ideologia.

Perguntada sobre o período que ficou ausente da televisão, Marieta disse: “Você está tocando numa questão que aconteceu há muito tempo. Era na época da Ditadura, uma época terrível, que a gente espera que não volte nada semelhante, parecido. Existia uma censura, uma impossibilidade de Chico [Buarque, cantor e ex-marido de Marieta] se apresentar na televisão, e eu achava que não era justo eu me apresentar com ele sendo censurado. Foi por isso”.

Marieta ressaltou que sua decisão não foi pensando em dar prioridade a um meio de trabalho específico: “Eu comecei na televisão. No mesmo ano, milênios atrás, eu estreei no teatro, no cinema e na televisão. Então, eu fiquei uns dez anos sem fazer televisão, e o motivo foi esse, não foi uma opção profissional de ‘quero fazer mais teatro’. Eu adoro fazer os três e muitas vezes eu fiz os três ao mesmo tempo”.

Na sequência, Serginho Groisman relembrou o AI-5 e suas terríveis consequências para diversos artistas no geral, que sofriam censura e perseguição. Marieta contou que nessa época estava grávida e em cartaz com uma peça no Rio de Janeiro, mas precisou ir para o exterior e lá foi “obrigada” a permanecer durante um bom tempo ao saber da prisão de Caetano Veloso e Gilberto Gil.

“A gente recebia muito recado de que, se Chico voltasse, ele ia ser preso. Eu estava com barrigão… Aí a gente falou ‘não vamos voltar’, e aí Silvinha nasceu na Itália por causa disso, ficamos mais de um ano lá por causa desse desse período tenebroso, que alguns aí clamam de volta. Mas eu com a minha experiência, minha vivência de ter passado por esses períodos todos, digo que não há nada pior. É insuportável não ter liberdade, é insuportável viver sem democracia”.

Por fim, sem citar nomes, Marieta Severo fez uma reflexão e manda uma indireta a Bolsonaro: “Que o ano que vai entrar seja um ano em que nós brasileiros possamos lidar com coisas mais alegres, positivas, construtivas, resgatar toda a alegria e criatividade que nosso povo tem. Sem esse discurso tão ruim de violência, de arma, de ódio, de estímulo à briga entre nós. A gente não é assim, não quer ser assim e não seremos assim no ano que vem”.