RUI COSTA: BOLSONARO “NÃO DEMONSTRA NENHUM SENTIMENTO EM RELAÇÃO À DOR DO PRÓXIMO”
Em meio à tragédia provocada pelas enchentes no sul da Bahia, o governador do Estado, Rui Costa (PT), afirmou que lamenta o desprezo de Jair Bolsonaro (PL), que passa férias em Santa Catarina, e disse que o presidente “não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”.
“O presidente durante toda a sua gestão demonstrava desprezo em relação à vida humana. Se você me perguntar: “O senhor esperava ele aí?”, vou dizer que não. Durante três anos, em nenhum momento, em nenhum outro desastre, na pandemia, ou em qualquer situação que significasse prestar solidariedade à vida humana ele fez qualquer gesto. É um presidente que não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”, afirmou Costa em entrevista à Folha de S.Paulo durante atendimento à população no local da tragédia.
O governador baiano diz que essa é a maior tragédia que já enfrentou desde que assumiu o governo do estado e que tem trabalhado principalmente para preserar vidas. Até esta quarta-feira (29), 24 pessoas haviam morrido na tragédia, que já conta com milhares de desabrigados.
“Graças a Deus o principal a gente conseguiu, que foi evitar a tragédia de vidas humanas perdidas. O prejuízo material, mesmo que leve mais tempo, você recupera. A vida humana não”, disse.
Costa ressalta que tem evitado falar da falta de atenção de Bolsonaro para não politizar a tragédia, mas que esperava ao menos uma palavra de conforto dirigida pelo presidente, que recusou nesta quarta a ajuda humanitária da Argentina.
“O mínimo que qualquer presidente pode fazer é dirigir uma palavra de conforto ao seu povo num momento de sofrimento. Tem uma frase que diz que quando você não pode fazer nada, pelo menos transmita uma palavra de conforto. Nem isso ele se preocupa em fazer. Só tenho que lamentar. Tenho evitado falar disso porque num momento de dor as pessoas não querem ver debate político”.
Segundo o governador, o estado colocou toda a estrutura possível para reduzir os estragos das chuvas, mas que conta com a ajuda de outros estados para isso, já que mesmo a infraestrutura das Forças Armadas é inadequada para muitas ações, como resgate de pessoas.
“O governo federal não tem nenhuma estrutura de ajuda aos estados para desastres. Os helicópteros do Exército, da Marinha, são completamente inadequados para esse tipo de coisa. São helicópteros para a guerra, não para sobrevoar áreas urbanas. Um helicóptero daquele tamanho, quando baixa a uma altura mais reduzida, arranca as telhas, é um desastre”.