“NO INÍCIO, SÓ QUERIA ALEGRAR O CORAÇÃO DE MAMÃE”, DIZ SEU JUAREZ JÁCOME
O agricultor Juarez Jácome descobriu, aos 51 anos, que tinha talento para o humor, gravando vídeo sobre a vida no campo para alegrar o coração da mãe, Madalena Teixeira, a época com 73 anos. Isto há 4 anos e meio.
Atualmente, Juarez já soma dezenas de milhões de visualizações em seus vídeos nas redes sociais, contando histórias, que ele mesmo cria, produz e incorpora no cenário que construiu no sítio em Alagoinha, distante 15km de Mossoró-RN.
O humorista sertanejo já conta com 374 mil seguidores no Instagram, 1,4 milhão no Tik tok, 53 mil no Facebook e 311 mil inscritos no seu canal no YouTube.
Antes de contar como começou a gravar vídeos de humor, Juarez revelou ao MH sua origem humilde no Sítio Trincheira, na zona rural do município de Messias Targino-RN.
Revelou que veio morar em Mossoró em 1989, com a família. Lembra da paixão da família pelo rádio, sendo fã dos programas de Seu Mané e também de Martins Coelho, da Rádio Rural.
“Eu e meus irmãos íamos lá para recepção da Rádio Rural, perto da Igreja, só para ver os locutores Seu Mané e Martins Coelho, mas nunca conseguimos ver eles naquela época”, conta.
Já em Mossoró, a família se estabeleceu na cidade e em Alagoinha. Quando a agricultura parou de render frutos, devido à escassez de chuvas, Juarez conta foi trabalhar de mototaxista.
Passou 9 anos pegando passageiro nas imediações do Mercadão das Malhas, no Centro, e levando para várias partes de Mossoró. Conhece a cidade inteira.
Sobre os vídeos
No início de 2020, aconteceu a primeira onda da Covid19, que chegou deixando todos em pânico. A família de Juarez, incluindo sua mãe Madalena Teixeira, se refugiou no sítio em Alagoinha.
As notícias que recebiam pelo rádio eram aterrorizantes. “Então, eu decidir procurar algo para distrair minha mãe Madalena Teixeira, evitar uma depressão. Tinha que fazer alguma coisa”, explica.
“Pensei em gravar vídeo, mas, primeiro, era precisa convencê-la a participar, se distrair, entrar na brincadeira, alegrar o coração dela com aquilo”, conta Juarez Jácome.
Para convencer, falei para ela que gravando o vídeo “ia passar no rádio, ia passar na Rádio Rural, ia chegar no locutor Martins Coelho e ela topou”.
O primeiro vídeo já foi retratando a vida no campo, algo que ele e a mãe conheciam bem. Juarez conta que arrumou uma casinha de barro e fez o planejamento do vídeo.
“Minha mãe vinha com uma xícara até a porta desta casinha e me pedia uma xícara de açúcar, do jeito que acontecia lá no sertão. Assim gravamos o primeiro vídeo e publicamos no Tik Tok.
Pouco tempo depois, o vídeo já estava com 155 mil visualizações e “chegando seguidores aos montes”, diz Juarez, acrescentando: “Aí começamos a gravar mais, mais e mais”.
Seu Juarez, num determinado momento da entrevista, deixou fugir o sorriso do rosto. Ele conta com tristeza, que depois que perdeu a mãe, pensou em parar de retratar a vida no campo. Chegou a gravar um vídeo, se despedindo, mas foi encorajado pelos amigos e os familiares a continuar.
Atualmente, Juarez recebe ajuda de vários personagens para gravar os vídeos nos finais de semana em sua propriedade. Segundo ele, às vezes são gravados mais de 15 vídeos, no cenário (casa de taipa, bodega e capelinha) que ele construiu e estruturou pessoalmente com as coisas do sertão, todas originais, com a tábua de cortar carnes, feita mão, e bacia que a mãe dele ganhou de presente quando casou.
Seu Juarez conta que o filho Leonardo Jácome, no início era meio tímido, mas terminou se transformando em seu braço direito, tanto editando como atuando. Nos vídeos, ele aparece fazendo o papel bodegueiro.
Na organização do negócio, Leonardo melhorou as câmeras (celulares), os microfones, as tomadas, e a edição dos vídeos. “Ele leva jeito para estas coisas”, elogia Seu Juarez.
Atualmente, Juarez Jácome têm vários vídeos que somam dezenas de milhões de visualizações em todas as plataformas, sendo o Tik Tok e o Instagram, as mais visualizadas.
Sobre o quanto ganha com os vídeos, Seu Juarez desconversa, diz que está ganhando “dinheiro suficiente para comprar o milho das galinhas”, mas, ressalta, que, para ele, não existe dinheiro no mundo que pague o carinho dos seguidores quando o encontra na rua.
´Por Cezar Alves