PREFEITO FICA MILIONÁRIO EM POUCO MAIS DE 2 ANOS DE MANDATO
O prefeito de Mossoró, Silveira Júnior (PSD), conseguiu se sobressair
em meio à crise econômica que assolou o mundo nos últimos anos. O chefe
do executivo mossoroense mais que quintuplicou o seu patrimônio nos
últimos dois anos, de acordo com a declaração de bens que ele mesmo fez
ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE/RN) nas
eleições suplementares de 2014 e para o pleito deste ano de 2016.
Na
declaração de bens para as eleições suplementares vencidas por ele em 4
de maio de 2014, Silveira Júnior declarou patrimônio de R$ 194.043,00,
distribuídos entre cinco terrenos e dois apartamentos; enquanto que,
para as eleições municipais deste ano, o prefeito de Mossoró declarou,
junto com o pedido de registro de candidatura feito na última
quinta-feira (11), patrimônio superior a R$ 1 milhão.
Precisamente,
o valor declarado é de R$ 1.080.816,43, incluindo terrenos,
apartamentos, casa de praia, poupança, crédito bancário e fundo de
investimento. Comparando as duas declarações, o resultado é crescimento
de patrimônio de 557% entre 2014 e 2016.
Dos bens declarados em 2014, apenas um apartamento localizado no Residencial Noêmia Chaves não faz parte do patrimônio apontado por Silveira Júnior agora em 2016. Por outro lado, a lista de bens dele cresceu, com destaque para dois terrenos no Alphaville, um flat e uma casa de praia no município de Tibau.
Um
investimento de quase meio milhão de reais (R$ 471.539,37) somente
nesses três empreendimentos. O equivalente a mais de 22 meses do salário
bruto do prefeito (R$ 21.195,00) ou quase 30 meses do salário líquido
de Silveira Júnior (R$ 15.873,98), de acordo com dados do Portal da
Transparência da Prefeitura de Mossoró. Agora em agosto, Silveira Júnior
está completando 28 meses como prefeito eleito de Mossoró.
Além do
espantoso crescimento do patrimônio, a declaração de bens apresentada
por Silveira Júnior à Justiça Eleitoral também apresenta distorções no
valor dos bens declarados.
A casa no
Residencial Praia Bela, em Tibau, por exemplo, custa R$ 400 mil, segundo
uma empresa responsável pela venda das unidades, mas o valor declarado
pelo prefeito foi de “apenas” R$ 230.782,76, quase R$ 170 mil a menos.
Silveira
Júnior também declarou ter dois lotes no Alphaville, comprados depois
das eleições suplementares de 2014, mas não se tratam apenas de lotes.
Uma casa no local já está em estado avançado de construção, o que eleva
em muito o valor do bem.
Em nota,
Silveira Júnior negou que o seu patrimônio tenha quintuplicado e disse
que a evolução dos seus bens ao longo dos últimos dois anos ‘é
totalmente compatível com os rendimentos auferidos em cada exercício a
partir de salários recebidos, rendimento de locação dos bens, aplicações
financeiras, atualização dos valores de mercado, melhorias realizadas
em bens imóveis e comercialização e /ou transações entre os bens’.
Prefeito explica números
Ao se
defender de números oficias, apresentados por ele mesmo em 2012 e 2014 e
para negar que o seu patrimônio cresceu 557% entre uma eleição e outra,
o prefeito de Mossoró, Silveira Júnior (PSD), deu um tiro no pé e
assumiu que, no mínimo, omitiu bens à Justiça Eleitoral.
Para se
defender dos dados oficiais, o prefeito revelou informações da sua
declaração de Imposto de Renda nos últimos três anos. E não há duvidas
que, caso os dados apresentados por ele sejam verdadeiros, Silveira
Júnior cometeu o crime de omissão de bens ao Tribunal Regional Eleitoral
do Rio Grande do Norte (TRE/RN) pelo menos nas Eleições suplementares
de 2014.
Segundo o
próprio prefeito, seus bens e direitos em 31 de dezembro de 2013
totalizaram R$ 595.459,91. No entanto, nas eleições suplementares
realizadas em maio de 2014, Silveira Júnior declarou patrimônio de
“apenas” R$ 194.043,00 à Justiça Eleitoral.
Pelos
dados da declaração de Imposto de Renda apresentados pelo próprio
prefeito, há indícios que Silveira Júnior omitiu bens ao TRE/RN já nas
eleições de 2012, quando disputou uma vaga na Câmara Municipal. Para se
chegar a essa conclusão basta comparar a declaração de bens dele à
Justiça Eleitoral com o que ele diz ter declarado à Receita Federal.
No
registro de candidatura para disputar uma vaga na Câmara Municipal em
2012, o atual prefeito de Mossoró declarou patrimônio de “apenas” R$ 123
mil, enquanto que, ele mesmo, afirma que em dezembro de 2013 declarou à
Receita Federal bens que totalizavam R$ 595.459,91, quase meio milhão
de reais (R$ 472.459,91) a mais nesse curto período de tempo e um
crescimento de patrimônio superior a 380%.
Silveira
Júnior deixa ainda mais claro que omitiu bens ao TRE ao declarar que ‘a
declaração de Imposto de Renda é a informação oficial’. “Os números
apresentados pela reportagem são incompatíveis com a realidade, uma vez
que a declaração de Imposto de Renda é a informação oficial que consta
no banco de dados da Receita Federal, da forma mais clara e transparente
possível”, argumenta Silveira Júnior.
De acordo
com a lei eleitoral, no momento em que registram suas candidaturas, os
políticos são obrigados a apresentar uma declaração com os bens que
possuem. A omissão de dados em declarações apresentadas à Justiça
Eleitoral, no entanto, não configura crime eleitoral. O objetivo desse
documento é ter um registro dos bens do candidato antes de ele assumir
cargo eletivo, um parâmetro para, em caso de necessidade, poder comparar
se ele se beneficiou indevidamente do mandato.
O
crescimento do patrimônio de Silveira Júnior em 557% nas declarações
feitas ao TRE pode indicar que ele se beneficiou indevidamente do
mandato. E não adianta o prefeito dizer que se trata de ‘tentativa
desesperada de setores da imprensa em manchar a sua imagem, com o
intuito claro de ludibriar a população nas vésperas do início do pleito
eleitoral, com informações inconsistentes e dados distorcidos’.
São dados
oficiais do TRE. E o mais importante: declarados pelo próprio prefeito,
por vontade própria, sem que uma arma estivesse apontada para ele.
Uma coisa é certa: Silveira Júnior vai ter que se explicar com o TRE.