APÓS ATRAVESSAR O PAÍS DE CARONA EM CAMINHÕES, IMIGRANTE VENEZUELANO ENCONTRA LAR NO RN: 'É MARAVILHOSO'



Diego Orozco, 34 anos, ainda lembra do dia em que teve que explicar à esposa e à filha mais velha que só havia duas opções para a família: "pela situação, ou ficavam todos juntos com fome, com problemas, ou eu ia embora e pelo menos íamos ter a esperança de aparecer algo melhor", conta. Desde então, a família venezuelana passou por vários meses de saudades, até se reecontrar em Natal em novembro de 2017, onde conta com uma rede de solidariedade.

"Eu primeiro pensei em ir até a cidade que faz fronteira com o Brasil, Santa Elena de Uairén, que tem comércio melhor por ser um povo fronteirisso. Em Santa Helena, percebi que o problema era muito parecido, não tão difícil como no centro do país, mas difícil. Aí tomei a decisão de entrar no Brasil e procurar melhores oportunidades", lembra o estrangeiro, natural do estado de Carabobo.

Depois de dois anos desempregado e sem conseguir trabalho em outros estados na Venezuela, onde nasceu e cresceu, Diego entrou no Brasil no ínicio do ano passado, pelo principal caminho usado pelas pessoas que fogem da crise venezuelana: a fronteira com o município de Pacaraima, em Roraima. Seus companheiros de viagem: uma mochila e quase nenhum dinheiro.

Sistema em colapso

"A gente não tem garantido o direito à alimentação, o direito à vida, direito à saúde, direito à educação, ao trabalho mesmo", diz Diego sobre a Venezuela. "Quando o sistema político e econômico fracassa, colapsa, não garante à sociedade esses direitos mínimos para viver. Quando você não tem alimento, não compra medicamento, quando tem insegurança, etc, não tem futuro. Um país desse jeito não tem futuro. As novas gerações, meus filhos, não têm futuro lá. Mesmo que eles consigam continuar seus estudos, não dá, porque o mercado laboral não existe. O futuro lá é o trabalho informal e a sobrevivência", considera.