DO DISCURSO CONTRA AS OLIGARQUIAS AO ACORDÃO COM MAIA E ALVES
Ironia do destino, ou da política. Allyson surgiu como outsider, o “pobrezinho” que enfrentou, em 2020, uma Rosalba Ciarlini desgastada, com os Rosados em frangalhos depois de décadas mandando em Mossoró. Vestiu chapéu de couro, abraçou o marketing do coitadismo e vendeu a narrativa do povo contra as oligarquias. Deu certo. Venceu um grupo político que dominava a cidade há mais de 70 anos.
Mas o poder muda as pessoas. E Allyson entendeu rápido a regra do jogo. Hegemonia não se constrói sozinho. Precisa de alianças. Ou melhor, de acordões.
Hoje, o prefeito já está de braços dados com a família Maia. É aliado de primeira hora da senadora Zenaide Maia, do deputado João Maia e recebe, sem constrangimento, as orientações do jurássico Agripino Maia, velho cacique da política potiguar. Agora, o flerte é com os Alves, mais especificamente com o vice-governador Walter Alves, mirando o controle do MDB.
O acordo foi escancarado pelo próprio João Maia. A federação PP/União Brasil entra para salvar a nominata do MDB para deputado estadual; em troca, o MDB apoia o projeto de Allyson ao Governo, indica o vice e ainda trabalha para eleger Walter deputado estadual, tudo para evitar que ele assuma o governo numa eventual renúncia de Fátima Bezerra.
Nos bastidores, o acordo está praticamente fechado. Só esqueceram de um detalhe básico. Combinar com o povo.
Esse tipo de arranjo de cúpula, feito em sala fechada, com figurões decidindo o futuro do Estado como se fosse herança de família, não é novidade. Foi exatamente esse modelo de acordão que levou à derrocada de Henrique Alves, o “governador de férias”, derrotado por Robinson Faria em 2014, quando o eleitor cansou da velha política.
O povo já viu esse filme. E, geralmente, não gosta do final.
A informação é de Ismael Sousa
