Pescadores sofrem com falta de peixes em açudes


             Drama atinge os 130 pescadores da Colônia de Pesca de Felipe Guerra

As chuvas que caíram no Estado nas últimas semanas poderiam ser a solução para os problemas enfrentados por pescadores do município de Felipe Guerra. Isso se na água acumulada nos açudes da cidade houvesse peixes para a atividade dos trabalhadores.
O drama atinge os 130 pescadores da Colônia de Pesca de Felipe Guerra que agora sofrem ao ver os açudes cheios, porém sem peixes, já que o período de seca acabou dizimando muitos deles. “No período que ficou sem chover muitos açudes secaram completamente e os peixes morreram ou então foram todos retirados para que não agonizassem sem água. E agora que tem água não tem os peixes e a gente fica sem ter como trabalhar”, lamenta o pescador Antônio Edilson, mais conhecido como ‘Patueira’.
Uma das saídas esperadas pela colônia dos pescadores é que o Governo do Estado, através da Emater, coloque alevinos nos açudes da região e assim garantir a continuidade da pesca nos próximos meses. “Se o governo colocasse os alevinos agora que os açudes estão cheios a gente teria muito peixe daqui a quatro ou cinco meses, que é o tempo que eles levam para se desenvolver bem. Essa é a nossa única saída e a gente espera que aconteça logo porque já não temos mais o que fazer. Tem gente passando necessidade e por isso fazemos esse apelo às autoridades para que deem atenção para nossa categoria”, diz o pescador.
Durante o período que ficou sem chuvas os próprios pescadores trabalharam para tentar salvar alguns peixes que agonizavam em açudes praticamente secos. Eles chegaram a transportá-los de um reservatório para outro que estava numa situação menos crítica. “A gente pegava os peixes, colocava em tambores e levava para outros açudes que tinham mais água e assim a gente salvou muitos deles, mas infelizmente já pescamos tudo e agora estamos nesta situação”, conta.
Ele lembra que em tempos de boa pesca já chegou a pegar em torno de 70 quilos por dia e que hoje não tem nada para vender e está dependendo da ajuda da mãe aposentada para sobreviver. “Não estou passando fome porque minha mãe me dá comida. Tenho contas de água e luz atrasadas e não sei o que vou fazer para pagar. Tenho uma moto velha e já estou colocando à venda para tentar honrar com meus compromissos. E essa situação não sou só eu que estou passando, somos muitos nesta colônia enfrentando o mesmo. O que podemos fazer? Não vou roubar, nem poderia”, relata.
Segundo Antônio Edilson, esta é a pior crise que já enfrentou desde que começou a trabalhar pescando há mais de 15 anos. Em todo esse tempo, ele conta que nunca viu uma escassez de peixe tão grande e que o fato se repete em toda a região.
Devido a essa crise, muitos pescadores estão migrando para outras profissões e alguns relatam que devido à incerteza da pesca não pensam em retornar à atividade. Muitos estão trabalhando fazendo bicos em áreas como construção civil ou procurando emprego no comércio.