NO APAGAR DAS LUZES DO GOVERNO BOLSONARO, FÁBIO FARIA DEIXA MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES
De acordo com a exoneração, assinada por Bolsonaro, o pedido para deixar o cargo partiu do próprio ex-ministro. Faria estava à frente do Ministério das Comunicações desde junho de 2020. A pasta, que antes era ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, foi recriada por Bolsonaro. Até a manhã de hoje, ainda não havia sido nomeado um substituto.
Fábio Faria, que deixa o cargo já no fim do mandato de Bolsonaro, chegou a cogitar se lançar para as eleições deste ano, mas acabou desistindo de disputar o apoio do presidente da República com outro potiguar, que acabou se elegendo senador, Rogério Marinho, ex-ministro do Desenvolvimento Regional.
De passagem pelo Rio Grande do Norte para inauguração de obras, Faria declarou que apenas um dos ministros seria candidato. A declaração gerou uma representação do Ministério Público Eleitoral no Rio Grande do Norte contra Faria por propaganda eleitoral antecipada.
Agora ex-ministro, Faria é deputado federal licenciado. Seu mandato vai até 31 de janeiro de 2023. O potiguar passou mais de dez anos filiado ao PSD, mas mudou para o PP este ano, mesmo partido do presidente da Câmara, Arthur Lira.
Arrependido
Em outubro deste ano, antes do segundo turno, Fábio Faria convocou uma coletiva de imprensa para denunciar emissoras de rádio que estariam, supostamente, veiculando veicularam menos propagandas de Jair Bolsonaro (PL) do que de Lula (PT).
Entre as emissoras denunciadas, o ex-ministro acusou a rádio do próprio pai. O ex-governador Robinson Faria, pai do ministro, é sócio-administrador da Agreste FM, emissora de Nova Cruz-RN.
Na época, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, classificou a denúncia como inconsistente e pediu provas, além de uma investigação para averiguar o possível cometimento de crime eleitoral com o objetivo de tumultuar o segundo turno das eleições de 2022.
Pouco tempo depois do episódio, Faria admitiu ao jornal Estadão que se arrependia da denúncia, que passou a ser usada por Bolsonaro para tentar adiar o segundo turno. Segundo o ex-ministro, foram gastos R$ 1,5 milhão para a produção do dossiê com a denúncia.
Análise contestada
Embora tenha chamado uma coletiva de imprensa para apresentar a denúncia, os dados da Audiency mostrados por Fábio Faria não comprovam que as rádios do Nordeste deixariam de veicular inserções do candidato do PL.
A empresa que fez o monitoramento para a campanha de Bolsonaro afirmou que fez o monitoramento das transmissões divulgadas pelas emissoras por streaming. Nessa modalidade, entretanto, as rádios não são obrigadas a veicular a propaganda. Como o streaming é transmitido via internet, elas podem escolher outros conteúdos para exibir no lugar.
A metodologia principal para este tipo de levantamento seria a chamada “rádio-escuta”, afirmam especialistas. Nela, alguém é pago para ouvir o conteúdo da programação gravada. A Audiency não utilizou este recurso.
Segundo o Blog do Valdo Cruz, o ministro das Comunicações conversou com ministros da Suprema Corte e disse que foi induzido ao erro por assessores do comitê bolsonarista, ao levantar suspeitas contra as rádios.