CONSELHEIRA TUTELAR QUE ATENDEU JOVEM MORTO AO ENTRAR NA JAULA DE LEOA ATRIBUI NEGLIGÊNCIA AO ESTADO


O jovem Gerson de Melo Machado, de 19 anos, que morreu após invadir a jaula de uma leoa em um zoológico de João Pessoa nesse domingo (30), esteve sob acompanhamento do Conselho Tutelar de Mangabeira por oito anos. Nas redes sociais, a conselheira Verônica Oliveira, responsável por atendê-lo dos 10 aos 18 anos, atribuiu ao Estado negligência no manejo do diagnóstico do rapaz.

A conselheira relata que, durante todo o período de atendimento, o Conselho Tutelar solicitou avaliações médicas que pudessem esclarecer a condição de saúde de Gerson de Melo. No entanto, segundo ela, os profissionais responsáveis não reconheceram os sinais de transtorno mental que, segundo ela, eram evidentes.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Verônica Oliveira explica: “Dos 10 aos 18 anos ele foi atendido pelo Conselho Tutelar de Mangabeira. Embora o Conselho solicitasse laudos porque era visível o transtorno mental, o Estado dizia que ele só tinha problemas comportamentais. Será que alguém com problema comportamental entra na jaula do leão? Joga paralelepípedo no carro da polícia? Não, isso não é só um problema comportamental.”

A conselheira diz ainda que o histórico familiar ampliava a necessidade de atenção especializada. De acordo com ela, a mãe e os avós do jovem tinham esquizofrenia, o que reforçava o alerta sobre a vulnerabilidade e o risco a que o jovem estava exposto. “Gerson precisava de tratamento que não foi oferecido a ele. Gerson, filho de uma mãe esquizofrênica, neto de avós esquizofrênicos, mas os psiquiatras insistiam em dizer que ele era só um menino que não se adequava. Nós não vamos nos calar. Nós lutamos muito para garantir os direitos de Gerson”, afirma.

Abalada, Verônica oliveira concluiu o desabafo dizendo que sente revolta diante da morte do jovem e da violação de direitos de Gerson: “Meu sentimento hoje é de revolta.”