PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS DO RN É A MAIS BAIXA DESDE 1991

De acordo com o último Boletim Mensal da Produção de Petróleo e Gás Natural, publicado nesta terça-feira, 2, pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção potiguar de petróleo e gás no mês de outubro de 2025 foi de 35.309 barris de óleo equivalente por dia (boe/d). O volume representa uma queda de 10,7% em relação aos 39.564 boe/d produzidos em setembro e estabelece um recorde histórico negativo no Rio Grande do Norte, considerando um período contínuo de registros oficiais de pelo menos 34 anos.

As edições do Boletim Mensal da ANP passaram a ser publicadas regularmente em 2010, mas, em sua página institucional, o órgão disponibiliza dados anuais da produção de óleo e gás por unidade da federação, que retrocedem até 1991. Naquele ano, quando a produção potiguar iniciava seu ciclo de expansão, o estado contabilizava quase 84 mil boe/d, mais do que o dobro do volume atualmente aferido. Já no período de 1998/1999, considerado o auge da produção estadual, a Bacia Potiguar alcançava mais de 110 mil boe/d, o que significa que o resultado de outubro de 2025 corresponde a menos de um terço do pico histórico.




Queda maior que a estimada

A redução na produção potiguar já era parcialmente esperada. Em 10 de outubro, após auditoria, a ANP determinou a interdição de 109 instalações operadas pela Brava Energia no estado. A empresa administra dezenas de campos e milhares de poços, e, segundo o relatório de fiscalização, a interdição foi necessária para “a proteção da vida humana, do meio ambiente e dos ativos”, uma vez que a operadora “não apresentou evidências de atendimento às condições mínimas de segurança”.

Três dias depois, em 13 de outubro, a Brava Energia divulgou comunicado ao mercado comprometendo-se a implementar todas as adequações solicitadas pela ANP, estimando um impacto de 3.500 boe/d na média de produção do mês. No entanto, os dados consolidados das edições de setembro e outubro do Boletim Mensal da ANP revelam que a retração efetiva foi superior ao previsto, alcançando 4.760 boe/d. Na produção total do RN, que perdeu 4.255 boe/d em relação ao mês anterior, o impacto só não foi maior devido ao pequeno crescimento registrado por outras operadoras atuantes na Bacia Potiguar.

Alerta

Embora fatores específicos expliquem a queda acentuada de quase 11% na produção de outubro, o declínio da atividade petrolífera no Rio Grande do Norte não pode ser tratado como um evento isolado. Ao contrário: o episódio reforça um processo de retração que vem se aprofundando há anos, evidenciando a falta de investimentos em exploração, produção, e até em manutenção e segurança operacional.

O SINDIPETRO-RN, entidade representativa dos trabalhadores do setor, tem alertado de forma sistemática para a redução contínua da produção e para os graves impactos sociais e econômicos que a continuidade desse processo pode desencadear. De acordo com dados da FIERN, a cadeia petrolífera ainda responde por 60% do PIB industrial e 12,3% do PIB geral do estado, gerando milhares de empregos diretos e indiretos. Além disso, é importante fonte de tributos e royalties, fundamentais para o orçamento do Estado e de dezenas de municípios produtores.

 




Campanha por mais investimentos

Diante desse quadro, o SINDIPETRO-RN intensificou sua atuação institucional nos últimos meses, ampliando o diálogo com o Governo do Estado, prefeituras e câmaras municipais, ANP, Petrobrás e operadoras privadas. A entidade tem participado ativamente de reuniões, visitas técnicas e audiências públicas, como as realizadas na Assembleia Legislativa do RN e na Câmara Municipal de Guamaré, para demonstrar que a reversão do declínio exige decisões urgentes, coordenadas e de longo prazo.

Ainda em julho, fruto dessa convicção, a ANP acatou proposta apresentada pelo Sindicato e decidiu incluir 33 novos blocos exploratórios onshore da Bacia Potiguar no Edital da Oferta Permanente de Concessão (OPC). A deliberação representa a maior ampliação de áreas ofertadas no estado em mais de uma década, medida que abre caminho para atrair novas empresas, diversificar operadores e estimular a retomada da atividade exploratória em regiões historicamente produtoras.

Em paralelo, o Sindicato vem pautando a necessidade de fortalecer a presença da Petrobrás no estado, defendendo que a companhia, pela capacidade técnica e estratégica, desempenha papel central na revitalização da produção, especialmente em novas áreas terrestres e na exploração offshore da Margem Equatorial potiguar. Na audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa, representantes da entidade destacaram que a presença ativa da Petrobrás pode recuperar postos de trabalho, reativar cadeias produtivas locais e aumentar a arrecadação dos municípios mais afetados pela queda da produção.

Outro eixo de atuação da entidade tem sido a articulação com gestores e autoridades municipais em regiões fortemente impactadas pela retração da indústria, como Mossoró, Macau, Alto do Rodrigues, Pendências, Areia Branca e Guamaré. Nessas localidades, o SINDIPETRO-RN tem se disponibilizado para apresentar diagnósticos atualizados sobre a situação da produção e proposto ações conjuntas buscando ampliar investimentos, uma vez que o enfraquecimento da atividade ameaça não apenas empregos, mas toda a dinâmica econômica local, desde o comércio até o setor de serviços.

Com essa concepção, convencido de que a região dispõe de infraestrutura instalada, mão de obra qualificada, conhecimento acumulado e um parque de produção que, embora subutilizado, ainda possui potencial significativo, o SINDIPETRO-RN prossegue em campanha por mais investimentos em exploração e produção, entendendo que o revigoramento dessa atividade é condição essencial para evitar a desestruturação de setores inteiros da economia estadual, garantir sustentabilidade fiscal aos municípios produtores e preservar milhares de empregos que dependem diretamente da cadeia petrolífera.

Informações do SindpetroRN