RN TEM ALTA DO PIB E FICA ENTRE OS 14 COM CRESCIMENTO ACIMA DA MÉDIA


Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Norte cresceu 5,1% em relação a 2020, passando de R$ 71,6 bilhões para R$ 80,2 bilhões.

A alta do PIB do estado é maior do que a média registrada no Nordeste (4,3%) e no Brasil (4,8%), o que colocou o RN entre as 14 unidades da federação que tiveram crescimento acima da média, segundo os dados divulgados nesta sexta (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Em linhas gerais, este resultado é positivo. Mostra uma certa resiliência da economia potiguar e coloca o estado em uma posição de certo destaque no NE. É uma amostra que há processos de recuperação. O que pode favorecer a ampliação de investimento do Estado em setores importantes. Porém, é pertinente salientar que os dados trazem informações de caráter mais geral. É importante verificar os desequilíbrios que a economia estadual apresenta. A produção da riqueza ano RN ainda é muito concentrada da região metropolitana de Natal e em municípios polos de outras regiões do estado", avalia Hugo Morais, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Porém, numa análise menos otimista, também é possível observar que o RN ainda tem uma baixa participação na economia nacional, contribuindo com 0,9% do PIB do Brasil, conforme aponta o professor do Departamento de Economia da UFRN, Wellington Duarte:

Wellington Duarte, prof. Dept. Economia UFRN I Foto: cedida

"O PIB do RN cresceu 5,1% em 2021. Mas, esse crescimento se refere ao ano de 2020, ou seja, é o primeiro PIB com o país ainda saindo do pior momento da pandemia, dando os primeiros passos para a retomada normal da economia. No PIB do ano anterior, em 2020, a queda foi de 5,0%, ou seja, o PIB voltou aos patamares pré-pandemia. É só fazer as contas : se o PIB caiu 5,0% em 2019 e cresceu 5,1% em 2020, o que significa? Que a economia retomou a dinâmica de 2019! E isso mudou alguma coisa? Não, a economia do RN é inelástica. Mantém, há décadas, a mesma participação no PIB nacional (+- 0.9%) e a estrutura da economia se assenta basicamente na Administração Pública, Comércio e Serviços, basicamente", critica Duarte.

Em 2021, a economia potiguar representou 0,9% do PIB nacional, mantendo a 5ª posição relativa ao valor do PIB no Nordeste e a 18ª no Brasil. A Indústria foi o setor que teve maior crescimento em volume (8%), seguida pelo de Serviços (4,8%). Já a Agropecuária registrou queda de -2,2% em 2021.

"A informação de que há uma queda no setor Agropecuária, fechando em -2,2%, em 2001, mostra que é necessário olhar com mais atenção e com efetivas políticas públicas para esse setor, principalmente, por termos muitos municípios que tem sua receita centrada no FPM [Fundo de Participação dos Municípios], do dinheiro do funcionalismo público, da aposentadoria das pessoas mais experientes e da atividade agrícola. Claro que as grandes atividades de fruticultura irrigada e de parques eólicos são importantes para o RN, isso é inegável. Porém, me preocupa saber como anda a riqueza produzida, também, pelo pequeno agricultor que produz e comercializa seu excedente, dinamizando a economia local de seu município", acrescenta o professor Hugo Morais.

Hugo Morais, prof. Dept. Geografia da UFRN I Foto: cedida

Além do PIB do RN, que é a soma da riqueza produzida pelo estado no período avaliado, o IBGE também revelou como anda a distribuição dessa riqueza, ou seja, o PIB per capita (por pessoa), que no caso do Rio Grande do Norte, foi de R$ 22, 5 mil em 2021.

No Brasil, o PIB per capita alcançou mais de R$ 42 mil (R$ 42.247,52), com uma alta de 17,6% em relação a 2020 (R$ 35.935,74). O Distrito Federal é a Unidade Federativa com o maior PIB per capita, chegando a R$ 92.732,27, ou seja, 2,2 vezes maior que o PIB per capita do país.

Menor participação do trabalhador

Em 2021, o Rio Grande do Norte teve a menor participação da remuneração dos empregados no PIB desde o início da série histórica, iniciada em 2010. A remuneração dos empregados foi equivalente a 45,1% do PIB do estado, sendo 35,4% em salários e 9,7% de contribuição social.

"Outro ponto que me chama atenção é a Participação da remuneração dos empregados num patamar menor. Isso é importante ser observado, pois mesmo havendo um crescimento do PIB, é importante analisar como as pessoas estão trabalhando e como a riqueza é gerada. Quais as condições de seu trabalho? As jornadas? Qual a seguridade do emprego exercido? No meu entender, é necessário o Estado olhar os gargalos da sua economia e buscar, por meio de políticas públicas, diminuir as fortes desigualdades existentes. Ampliando os eixos de produção de riqueza e, principalmente, desconcentrando essa riqueza para outras áreas e regiões do Estado", aponta o professor Hugo Morais, do Departamento de Geografia da UFRN.

Centro de Natal I Foto: Mirella Lopes