CUSTOS PRODUTIVOS ELEVAM PREÇO DOS OVOS


Além do aumento nas exportações e ampliação do consumo interno, com volta às aulas e chegada do período da Quaresma, as altas registradas nos preços dos ovos no Rio Grande do Norte e no Brasil também foram puxadas por aumentos nos custos de produção e insumos para a manutenção das aves, segundo entidades representativas de produtores e criadores. De maneira geral, incluindo o preço do milho e farelo de soja, reajustes salariais e outros custos, o aumento foi em média de 6%, segundo a Associação dos Avicultores do RN (AVIARN). Em relação aos preços, levantamentos iniciais do Procon Natal apontam para aumento médio de 70% no preço das bandejas dos ovos na capital.


“Esse fator também ajudou. Tudo nosso é dolarizado. O milho, que é 70% do custo da ração das aves, teve aumento de preço. O dólar no início de janeiro teve aumento, estimulou-se a exportação, então tivemos que competir com o porto pagando melhor e com condições tributárias desleais em relação a nós. Tivemos um pouco de aumento de farelo de soja. Todos os insumos acabaram subindo”, avalia Renato Holanda, presidente da AVIARN, apontando que, em média, os custos tiveram reajuste de 6%.

“O aumento da exportação ocorreu em janeiro. Exportamos 23% a mais de ovos do que nos meses anteriores. Isso foi um fator, mas não foi o que ocasionou a maior parte do aumento. Em janeiro tivemos alguns fatores também, como uma redução da produção devido a questões climáticas, com muito calor afetando as aves e reduzindo a produção”, acrescenta Renato Holanda, apontando fatores como volta às aulas e aumento no consumo como outros quesitos que explicam o aumento.

A posição é compartilhada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “Vale ressaltar que os custos de produção acumularam alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens. Ao mesmo tempo, as temperaturas em níveis históricos têm impacto direto na produtividade das aves, com reflexos na oferta de produtos”, disse.

Ainda segundo a ABPA, a alta registrada no preço dos ovos é uma situação sazonal, comum ao período pré e durante a Quaresma. A ABPA estima ainda que a alta dos preços deve durar pelo menos mais dois meses.

“A comercialização de ovos aqueceu pela demanda natural da época, quando há substituição de consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e por ovos”, disse a entidade.

Phellipe Castro, proprietário da Casa do Ovo, em Natal, aponta também a crise nos EUA como um dos fatores responsáveis pelo encarecimento do ovo. “Os Estados Unidos estão em crise gigantesca na área aviária. Eles praticamente estão matando todas as galinhas e acho que não vão normalizar esse ano, porque isso precisa repor. Eles estão comprando muito ovo que produzimos”, explica Phellipe.

A diretora do Procon Natal, Dina Pérez, disse que o órgão já está iniciando pesquisas para verificar se os aumentos em Natal são ou não abusivos. Em janeiro, na pesquisa do Procon, a bandeja estava custando R$ 17, tendo chegado a R$ 30 nas últimas semanas.

Consumidores em Natal têm constatado os aumentos e ficam surpresos com os novos preços registrados nos mercados. “Percebi que aumentou sim. A última vez tinha comprado a R$ 16, agora comprei a R$ 24. Os ovos são para café da manhã, fazermos bolo”, disse o consumidor Roberto Santos, 62 anos.