SENADOR STYVENSON COME CAMARÃO E CARNE DE SOL COM DINHEIRO PÚBLICO


O discurso moralista contra o uso de dinheiro público para fins pessoais parece ter ficado no passado para o senador Styvenson Valentim (PSDB). Quem antes fazia questão de abominar práticas comuns da velha política, hoje eleva os gastos, especialmente em ano eleitoral.

Em meio às andanças do parlamentar pelo interior do RN, um episódio chama a atenção: um almoço em Currais Novos, no último dia 10 de maio, onde o senador saboreou camarão internacional – feito no Seridó – um frango a cordon bleu e uma carne de sol Seridó. A fartura foi tão grande que o senador comprou duas quentinhas para embalar o que não conseguiu comer no almoço. Tudo pago com recursos públicos; e pelo parlamentar que criticava o uso desmedido da verba. Um luxo incompatível com o personagem que se dizia guardião da austeridade. O homem que se vendia como fiscal dos abusos agora parece confortável com o cardápio da velha política.

Em 2024, entre janeiro e junho, o senador gastou R$ 10.716,00 com combustível e hospedagem em viagens pelo interior. Mas foi só a pré-campanha esquentar que os gastos dispararam: de julho a setembro, o valor saltou para R$ 24.522,00, tudo oficialmente classificado como “despesas com locomoção, hospedagem, alimentação e combustível”.

O ritmo aumentou em 2025. Já em plena articulação para o próximo pleito, o pré-candidato à reeleição bateu a marca dos R$ 43.663,00 em gastos com hospedagem, alimentação e combustível, entre janeiro e junho, sempre com a verba de ressarcimento do Senado.

Além das viagens pelo interior, o senador também misturou vida pessoal com indicação de cargo em Brasília. Em novembro de 2024, a namorada de Styvenson, a nutricionista Ana Luísa Canário Carlos de Andrade, foi nomeada assistente parlamentar pleno da 2ª Vice-Presidência do Senado, com um salário bruto de pouco mais de R$ 16 mil. A nomeação constava na portaria nº 3.208/2024, publicada oficialmente, ainda que de forma discreta.

O cargo durou pouco: em fevereiro de 2025, Ana Luísa foi exonerada, embolsando R$ 12 mil de rescisão. Mas o tempo fora do serviço público foi breve. No dia 9 de junho, voltou à máquina pública, desta vez na Prefeitura de Natal, como “Coordenadora de Gestão Integrada” da Secretaria Municipal de Governo da gestão Paulinho Freire (União Brasil), hoje aliado estratégico de Styvenson, que fez campanha eleitoral nas ruas pela primeira vez em favor de Paulinho.
 
Em viagens pelo interior, cardápio variado com direito a camarão – Foto: Reprodução

Obras superfaturadas
 
Styvenson também figura no centro de um escândalo de superfaturamento. A Controladoria-Geral da União (CGU) detectou irregularidades em obras de pavimentação executadas pela Codevasf com recursos do orçamento secreto — as famosas emendas do relator.

Quem aparece como autor e endossador da emenda que bancou o contrato de R$ 26,7 milhões para asfalto, segundo a CGU, fino e de má qualidade, é o próprio Styvenson. A ratificação foi feita por ele mesmo, através do ofício nº 225/2025, autorizando a continuidade dos recursos de RP9 e RP8, após o STF proibir o uso sem transparência dessas emendas.

Hospitais com verba de custeio
Nas redes sociais, três dias depois de saborear aquele camarão por conta da verba pública em Currais Novos, Styvenson publicou vídeo nas redes sociais gravado no Centro de Diagnóstico e Ensino do Seridó, em Currais Novos – local do almoço – inaugurado em julho de 2024. No material, o senador se apresenta como responsável direto pela construção da obra. Esta foi uma das obras polêmicas nos últimos meses, já que o senador não destinou qualquer verba para construção de obra pública, até por não ser permitido pela legislação, e sim para custeio do Hospital.

A mesma distorção ocorre nos casos do Hospital do Câncer em Natal e do Hospital Infantil da Liga, em Mossoró. Na narrativa do senador, a fábula do “pai dos hospitais” rende mais que a verdade.

Vale lembrar que Styvenson Valentim chegou ao Senado surfando na onda do Bolsonarismo em 2018, como um símbolo da renovação, do combate à corrupção e do fim da política tradicional.

Era o capitão durão que autuava poderosos nas madrugadas da Lei Seca. Foi eleito com mais de 25% dos votos, deixando para trás velhos e fortes nomes da política como Garibaldi Alves e Geraldo Melo.
 
Diário do RN