RN É LÍDER NACIONAL NO USO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NAS EMPRESAS
O Rio Grande do Norte desponta como líder nacional no uso de inteligência artificial (IA) no ambiente corporativo, consolidando-se como um polo de inovação tecnológica no país. De acordo com a sétima edição do Relatório de Tendências da Great Place to Work (GPTW), 73% das empresas potiguares já utilizam a tecnologia em atividades rotineiras, percentual acima da média nacional, que é de 50%. No Brasil, o levantamento aponta ainda que 24% das organizações estão em processo de aprendizado para adotar a ferramenta e apenas 17% não atuamm com IA. A presença da IA no cotidiano das empresas do Estado reflete uma tendência que se consolida em diversos setores da economia.
Entre os negócios locais que adotaram a tecnologia, a Escaping Natal, especializada em jogos de fuga imersivos, é exemplo de como a IA pode otimizar processos e gerar resultados rápidos. O CEO, Tamil Selvam, conta que a decisão de implementar a inteligência artificial surgiu da alta demanda no atendimento e da limitação de tempo para lidar com reservas e novos clientes. A implantação envolveu formação interna para que toda a equipe conseguisse acessar e usar a tecnologia corretamente, garantindo integração fluida ao fluxo diário.
“Tivemos uma redução de 30% no número de no-shows, e um aumento de 10% nas vendas. Além disso, houve ganho de eficiência no atendimento e na operação em geral. Melhoramos processos internos e agora estamos expandindo o uso da IA para a criação gráfica, itens de sala e produção de vídeos. A IA será essencial para nossa inovação contínua”, avalia Tamil. Para as reservas, agora o usuário consegue fazer o processo completo no site, escolhendo a sala, data, horário e número de pessoas, entre adultos e crianças, diminuindo a necessidade de contato direto com atendente.
O levantamento mostra que o RN supera estados como Rio Grande do Sul (60%) e Piauí (63%), que aparecem na sequência do ranking dos que mais usam a inteligência artificial após o RN. “Podemos dizer que a tendência é clara: o uso de IA está se espalhando e já é uma realidade também para pequenos e médios negócios do RN, ainda que as grandes empresas tendam a apresentar aplicações mais sofisticadas”, avalia Carlos von Sohsten, gestor do IALab do Sebrae RN.
Para o gestor, a tecnologia se tornou um diferencial competitivo real. “Ela ajuda a automatizar tarefas, melhorar a eficiência e personalizar o atendimento ao cliente, gerando decisões mais rápidas e embasadas em dados. Para aproveitar bem, recomendamos que as empresas invistam na capacitação das equipes, comecem por soluções acessíveis e de fácil implementação, integrem a tecnologia aos processos já existentes e priorizem áreas de maior impacto”, orienta.
O levantamento da GPTW mostra que, no recorte nacional, setores como Contabilidade (80%), Estética e Beleza (75%) e Seguros (67%) lideram a adoção, enquanto Indústria (48%) e Alimentação (40%) ainda avançam mais lentamente. No RN, as áreas mais citadas são marketing digital, gestão financeira e automação de processos, com aplicações que incluem automação de campanhas, personalização de ofertas, controle de caixa, conciliação financeira, uso de chatbots, integração de sistemas e treinamentos corporativos.
Do outro lado, entre as empresas que ilustram a execução desse protagonismo, está a Hais Tech, startup potiguar. Para além de atividades corporativas, a empresa atua com foco em soluções para a saúde. “Os pacientes quando estão internados, eles estão conectados a equipamentos biomédicos que coletam batimentos, pressão, temperatura, saturação do oxigênio. A gente consegue coletar esses dados e disponibilizá-los em uma plataforma para que a equipe clínica consiga acompanhar os pacientes de maneira remota e inteligente”, detalha Ramon Malaquias, CEO da Hais Tech.
Ele ressalta que, além de desenvolver soluções baseadas em inteligência artificial, a empresa também utiliza a tecnologia no dia a dia. Em seu negócio, Ramon conta com ferramentas de IA que auxiliam tanto na geração de código quanto no suporte a desenvolvimentos mais complexos.
A presença de empresas como a Escaping Natal e a Hais Tech reforça a leitura de que o avanço potiguar no uso de IA é sustentado por um ecossistema que combina capacitação, inovação e aplicação prática. Para a CCO do GPTW, Daniela Diniz, esse é um caminho sem volta. “Os que resistirem por mais tempo vão ficar cada vez mais para trás. Ainda temos barreiras, especialmente a falta de conhecimento e de capacitação. Hoje já necessitamos de habilidades específicas para o uso de IA e não encontramos no mercado profissionais capacitados. Outra barreira é o medo da mudança, que gera sempre resistência a novas tecnologias”, pontua.
Setores incorporam IA em suas rotinas
No cenário local, a disseminação da IA é impulsionada por um histórico de investimentos em formação profissional e pela atuação de instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o Instituto Metrópole Digital (IMD). Para Marcelo Fernandes, coordenador do Núcleo de IA e Ciência de Dados do IMD/UFRN, a liderança potiguar tem explicação direta. “Capacitação é a palavra-chave. A UFRN trabalha com inteligência artificial desde 1999, acumulando 25 anos de pesquisas, dissertações, doutorados e projetos que envolvem IA. Esse trabalho de longo prazo explica por que o RN está na frente”, afirma.
Segundo ele, a ação de base permitiu que, hoje, quase 90% dos projetos do IMD com empresas privadas e instituições públicas envolvam inteligência artificial. “Esse dado da GPTW é espetacular, mas não nos surpreende. Nós já percebemos isso no dia a dia dos nossos projeto”, relata. Apesar da posição de destaque, ele admite que a formação de profissionais ainda é insuficiente. “A IA precisa estar na formação de todas as áreas, não só tecnologia. Não faz sentido um aluno de Jornalismo, Medicina ou Direito sair da graduação sem noções de inteligência artificial”, comenta.
O setor industrial é um dos que também incorpora a tecnologia em processos de alto impacto. No Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, as aplicações vão desde a prospecção de fontes até a previsão de falhas e otimização de operações. O pesquisador Raniere Rodrigues, que lidera projetos com IA no instituto, observa que a IA é especialmente valiosa para descrever, prever e apoiar a tomada de decisões.
“A inteligência artificial é extremamente transversal. No nosso Instituto, aplicamos soluções tanto para prospecção de fontes renováveis quanto para otimização e monitoramento de ativos do setor elétrico. São demandas que vão desde um estudo técnico até o desenvolvimento de um equipamento novo”, explica.
No setor elétrico, a previsão de geração e armazenamento de energia se tornou mais complexa com a entrada de fontes renováveis variáveis, como solar e eólica. Com a IA, está sendo possível modelar e antecipar cenários com mais precisão, reduzindo perdas e melhorando a eficiência.
A pesquisa do GPTW também revela que a utilização da IA não está, por enquanto, substituindo em larga escala a mão de obra humana. No geral, 44% dos respondentes afirmam não perceber substituições, enquanto 28% dizem que isso pode estar acontecendo e 13% já notam mudanças mais significativas em algumas funções. Outros 15% não têm conhecimento do assunto.
“Essa questão do impacto no trabalho, precisamos estar preparados. A gente vai ter que aprender a usar essas novas ferramentas para poder não ser atropelados por elas”, explica Marcelo Fernandes, do IMD.
No recorte por estado, além do RN, outras unidades federativas com altos índices de uso são Minas Gerais, Santa Catarina e Pará, todos com 53%, e Rio de Janeiro e Espírito Santo, com 51%. Já na Bahia e no Amazonas, os percentuais são de 33% e 32%, respectivamente. Acre, Roraima e Amapá não aparecem no ranking de IA por falta de respostas de empresas nas localidades. Já o Maranhão, os dados somente mostram que 43% das empresas não trabalham com IA.
Entre os negócios locais que adotaram a tecnologia, a Escaping Natal, especializada em jogos de fuga imersivos, é exemplo de como a IA pode otimizar processos e gerar resultados rápidos. O CEO, Tamil Selvam, conta que a decisão de implementar a inteligência artificial surgiu da alta demanda no atendimento e da limitação de tempo para lidar com reservas e novos clientes. A implantação envolveu formação interna para que toda a equipe conseguisse acessar e usar a tecnologia corretamente, garantindo integração fluida ao fluxo diário.
“Tivemos uma redução de 30% no número de no-shows, e um aumento de 10% nas vendas. Além disso, houve ganho de eficiência no atendimento e na operação em geral. Melhoramos processos internos e agora estamos expandindo o uso da IA para a criação gráfica, itens de sala e produção de vídeos. A IA será essencial para nossa inovação contínua”, avalia Tamil. Para as reservas, agora o usuário consegue fazer o processo completo no site, escolhendo a sala, data, horário e número de pessoas, entre adultos e crianças, diminuindo a necessidade de contato direto com atendente.
O levantamento mostra que o RN supera estados como Rio Grande do Sul (60%) e Piauí (63%), que aparecem na sequência do ranking dos que mais usam a inteligência artificial após o RN. “Podemos dizer que a tendência é clara: o uso de IA está se espalhando e já é uma realidade também para pequenos e médios negócios do RN, ainda que as grandes empresas tendam a apresentar aplicações mais sofisticadas”, avalia Carlos von Sohsten, gestor do IALab do Sebrae RN.
Para o gestor, a tecnologia se tornou um diferencial competitivo real. “Ela ajuda a automatizar tarefas, melhorar a eficiência e personalizar o atendimento ao cliente, gerando decisões mais rápidas e embasadas em dados. Para aproveitar bem, recomendamos que as empresas invistam na capacitação das equipes, comecem por soluções acessíveis e de fácil implementação, integrem a tecnologia aos processos já existentes e priorizem áreas de maior impacto”, orienta.
O levantamento da GPTW mostra que, no recorte nacional, setores como Contabilidade (80%), Estética e Beleza (75%) e Seguros (67%) lideram a adoção, enquanto Indústria (48%) e Alimentação (40%) ainda avançam mais lentamente. No RN, as áreas mais citadas são marketing digital, gestão financeira e automação de processos, com aplicações que incluem automação de campanhas, personalização de ofertas, controle de caixa, conciliação financeira, uso de chatbots, integração de sistemas e treinamentos corporativos.
Do outro lado, entre as empresas que ilustram a execução desse protagonismo, está a Hais Tech, startup potiguar. Para além de atividades corporativas, a empresa atua com foco em soluções para a saúde. “Os pacientes quando estão internados, eles estão conectados a equipamentos biomédicos que coletam batimentos, pressão, temperatura, saturação do oxigênio. A gente consegue coletar esses dados e disponibilizá-los em uma plataforma para que a equipe clínica consiga acompanhar os pacientes de maneira remota e inteligente”, detalha Ramon Malaquias, CEO da Hais Tech.
Ele ressalta que, além de desenvolver soluções baseadas em inteligência artificial, a empresa também utiliza a tecnologia no dia a dia. Em seu negócio, Ramon conta com ferramentas de IA que auxiliam tanto na geração de código quanto no suporte a desenvolvimentos mais complexos.
A presença de empresas como a Escaping Natal e a Hais Tech reforça a leitura de que o avanço potiguar no uso de IA é sustentado por um ecossistema que combina capacitação, inovação e aplicação prática. Para a CCO do GPTW, Daniela Diniz, esse é um caminho sem volta. “Os que resistirem por mais tempo vão ficar cada vez mais para trás. Ainda temos barreiras, especialmente a falta de conhecimento e de capacitação. Hoje já necessitamos de habilidades específicas para o uso de IA e não encontramos no mercado profissionais capacitados. Outra barreira é o medo da mudança, que gera sempre resistência a novas tecnologias”, pontua.
Setores incorporam IA em suas rotinas
No cenário local, a disseminação da IA é impulsionada por um histórico de investimentos em formação profissional e pela atuação de instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o Instituto Metrópole Digital (IMD). Para Marcelo Fernandes, coordenador do Núcleo de IA e Ciência de Dados do IMD/UFRN, a liderança potiguar tem explicação direta. “Capacitação é a palavra-chave. A UFRN trabalha com inteligência artificial desde 1999, acumulando 25 anos de pesquisas, dissertações, doutorados e projetos que envolvem IA. Esse trabalho de longo prazo explica por que o RN está na frente”, afirma.
Segundo ele, a ação de base permitiu que, hoje, quase 90% dos projetos do IMD com empresas privadas e instituições públicas envolvam inteligência artificial. “Esse dado da GPTW é espetacular, mas não nos surpreende. Nós já percebemos isso no dia a dia dos nossos projeto”, relata. Apesar da posição de destaque, ele admite que a formação de profissionais ainda é insuficiente. “A IA precisa estar na formação de todas as áreas, não só tecnologia. Não faz sentido um aluno de Jornalismo, Medicina ou Direito sair da graduação sem noções de inteligência artificial”, comenta.
O setor industrial é um dos que também incorpora a tecnologia em processos de alto impacto. No Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, as aplicações vão desde a prospecção de fontes até a previsão de falhas e otimização de operações. O pesquisador Raniere Rodrigues, que lidera projetos com IA no instituto, observa que a IA é especialmente valiosa para descrever, prever e apoiar a tomada de decisões.
“A inteligência artificial é extremamente transversal. No nosso Instituto, aplicamos soluções tanto para prospecção de fontes renováveis quanto para otimização e monitoramento de ativos do setor elétrico. São demandas que vão desde um estudo técnico até o desenvolvimento de um equipamento novo”, explica.
No setor elétrico, a previsão de geração e armazenamento de energia se tornou mais complexa com a entrada de fontes renováveis variáveis, como solar e eólica. Com a IA, está sendo possível modelar e antecipar cenários com mais precisão, reduzindo perdas e melhorando a eficiência.
A pesquisa do GPTW também revela que a utilização da IA não está, por enquanto, substituindo em larga escala a mão de obra humana. No geral, 44% dos respondentes afirmam não perceber substituições, enquanto 28% dizem que isso pode estar acontecendo e 13% já notam mudanças mais significativas em algumas funções. Outros 15% não têm conhecimento do assunto.
“Essa questão do impacto no trabalho, precisamos estar preparados. A gente vai ter que aprender a usar essas novas ferramentas para poder não ser atropelados por elas”, explica Marcelo Fernandes, do IMD.
No recorte por estado, além do RN, outras unidades federativas com altos índices de uso são Minas Gerais, Santa Catarina e Pará, todos com 53%, e Rio de Janeiro e Espírito Santo, com 51%. Já na Bahia e no Amazonas, os percentuais são de 33% e 32%, respectivamente. Acre, Roraima e Amapá não aparecem no ranking de IA por falta de respostas de empresas nas localidades. Já o Maranhão, os dados somente mostram que 43% das empresas não trabalham com IA.