MESMO COM AVAL MÉDICO, CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL É IMPEDIDA DE VIAJAR EM AVIÃO PARA CONSULTA: 'PRECONCEITO', DIZ MÃE
Uma menina de 4 anos que tem paralisia cerebral foi impedida
de embarcar em um avião por uma empresa aérea no município de Vitória da
Conquista, na região sudoeste da Bahia. A menina viajaria para Salvador para
fazer um tratamento médico acompanhada dos pais, que ficaram revoltados e
entraram na justiça com um processo por danos morais e materiais.
A família diz que a criança não foi autorizada a embarcar
pela Azul Linhas Aéreas Brasileiras mesmo tendo sido apresentado um atestado
feito por uma neurologista, que diz que a criança tem condições de viajar de
avião.
"Eles foram desumanos com a minha filha Luna e,
principalmente, preconceituosos. Isso é inadmissível. Hoje em dia se fala tanto
em inclusão, mas onde está essa inclusão?", disse a mãe da criança, Ana
Cleide Neres. Por conta do problema de saúde, a menina não anda e nem consegue
falar.
"Prejudicou automaticamente o tratamento dela, que tem
datas definidas. A gente fica muito chateado com empresa, que vetou esse voo
dela. A gente já foi de avião com ela, foi e voltou. A gente procura ir de
avião por ser um meio mais rápido, mais confortável para ela. É constrangedor
mesmo", afirmou o pai, Cil Eduardo Burtet.
Os pais contam que, por conta do ocorrido, tiveram que
remarcar a consulta da menina em Salvador para o dia 4 de julho, mas informaram
que a empresa já adiantou que a criança também não poderá viajar na data.
"Tivemos que remarcar esse procedimento para o próximo
dia 4 [de julho] e, para se ter uma ideia, já tinhamos reservado a passagem
para o dia 4 e a empresa também já informou que ela não está autorizada a
embarcar no dia 4. Ela é um criança especial, mas ela tem o mesmo direito que eu
tenho, que o meu outro filho tem e que todos nós temos. Ela tem o direito de ir
e vir a qualquer momento para onde ela quiser", diz a mãe.
Por meio de nota, a empresa Azul informou que avaliou o
formulário médico da criança e que não autorizou a viagem em prol da segurança
e saúde da criança, com base na Resolução 280 da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac).
Para a família, no entanto, houve preconceito. "A gente
percebe que houve um preconceito por conta do problema de saúde da menor, uma
vez que o relatório médico atestava que ela poderia fazer o embarque atraves de
viagem aérea sem o menor problema", afirmou o advogado dos pais da menina,
Fábio Batista.
"De início, a gente solicitou atraves do Serviço de
Atendimento ao Cidadão (SAC) que a empresa se manifestasse, esclarecendo o
motivo pelo qual havia negado por duas vezes e, atraves de e-mail, responderam
que dentro de 10 dias iriam dar um retorno. A ação visa justamente fazer uma
reparação pelos danos materiais ocorridos, uma vez que houve gastos para
aquisição das passagens, a marcação da consulta e as despesas inerentes ao
traslado. E isso tudo com reflexo no abalo psicológico que ela teve, o que vai
dar ensejo a um dano moral", disse o advogado.
Sobre o fato de a menina já ter viajado anteriormente, a
Azul informou na nota que as situações de saúde mudam a cada voo e que é de
responsabilidade dos profissionais da empresa permitirem ou não o embarque dos
clientes.