O CASO BEBIANNO EVIDENCIA QUE BOLSONARO É O HOMEM ERRADO NO LUGAR ERRADO; TEM DE SER TUTELADO, MAS NÃO POR DESTRAMBELHADOS
Se alguém tinha alguma dúvida de que Jair Bolsonaro é o
homem errado no lugar errado, o episódio envolvendo Gustavo Bebianno, seu
ministro, posto na presidência do PSL por ele, fala por si. Por muito pouco — e
haverá efeitos colaterais —, ele não joga a reforma da Previdência no lixo e a
seu próprio governo. Agiu, em companhia do filho Carlos, como um
destrambelhado. Quem disse a coisa exata foi Rodrigo Maia (foto), presidente da
Câmara:
“A impressão que dá é que o presidente está usando o filho para pedir para o
Bebianno sair. E ele é presidente da República, não é? Não é mais um deputado,
ele não é presidente da associação dos militares. e ele está com algum
problema, ele tem que comandar a solução, e não pode, do meu ponto de vista,
misturar família com isso porque acaba gerando insegurança, uma sinalização
política de insegurança para todos.”
Isso resume o espírito da coisa. Maia sabe que terá de
trabalhar duro para conseguir a aprovação da reforma na Câmara. A proposta que
vem por aí é mais severa do que a de Michel Temer. A idade mínima de
aposentadoria — 65 anos para homem e 62 para mulheres — vai dar trabalho. O
tempo de transição, de 12 anos, é curto na comparação com o que propôs o
governo passado: 20.
É preciso um ambiente de relativa paz no Congresso. Mas
alguns incendiários sem eira nem beira do PSL e de outros grupamentos
reacionários querem brincar de fazer CPI contra o Supremo, de liberar porte de
arma, de votar a licença para matar de Sérgio Moro, de propor escola sem
partido, mas com milícia ideológica…
E aí vem o presidente, recém-saído do torpor da cirurgia,
para botar fogo no circo. Sim, o PSL que o elegeu é um laranjal. Mas não pode
fazer o que fez.
E se Bebbiano decide pôr fogo no circo bolsonarista?
Alguém realmente acha que o uso irregular do dinheiro passou
longe da campanha do próprio presidente?
Qualquer campanha política tem seus porões, não é mesmo?
Homem errado no lugar errado! Tem de ser tutelado, mas não
pelos filhos, que têm de ser politicamente isolados na relação com o pai. Ou a
coisa vai para o brejo.
A família acha que a Presidência virou um assunto seu,
privado.