BOLSONARO DEVE VETAR PARTE DA REFORMA PARTIDÁRIA

Em conversa com um ministro palaciano, na noite de sexta-feira (20), um deputado do PSL foi informado de que Jair Bolsonaro deve vetar trechos da reforma partidária e eleitoral aprovada na Câmara. O veto será parcial. O parlamentar depreendeu da conversa que o presidente ajustará a extensão do expurgo guiando-se pela lei das compensações.

Fustigado nas redes sociais por se distanciar dos seus compromissos de campanha, Bolsonaro avalia que pode reequilibrar a balança se expurgar os trechos mais repulsivos da proposta. Por exemplo: o uso de verba pública para pagar advogados por fora da contabilidade das campanhas e comprar imóveis para os partidos. Ou o adiamento da análise da consistência das candidaturas pela Justiça Eleitoral, abrindo brecha para a candidatura de políticos com ficha suja.

O uso do veto como pomada para restaurar a imagem presidencial está virando moda. Dias atrás, Bolsonaro compensou os ataques por ter retirado do bolso do colete o nome de Augusto Aras, indicado para a poltrona de procurador-geral da República. Agora, manuseia novos vetos como se desejasse atenuar o prejuízo resultante de sua proximidade com Fernando Bezerra, um líder radioativo.

A compensação tende a ser parcial. Mal comparando, é como se um sujeito se vangloriasse de ter uma perna mais comprida. Os observadores sempre poderão realçar que a outra perna é, infalivelmente mais curta. E o esperto continuará sendo um personagem manco.