ANTIBOLSONARISMO SERÁ A PRINCIPAL FORÇA POLÍTICA DE 2022 NO RN
Não há cálculo político válido para 2022, que desconsidere a força do antibolsonarismo. Pelas pesquisas, 2022 será Bolsonaro contra Fora Bolsonaro. Até o presente momento, os que querem que ele saia do poder estão em maior número.
E as perspectivas para 2022, porém, não permitem imaginar uma virada. A economia não se recuperará até lá. O contexto eleitoral será produzido em uma situação de desemprego e fome. E contra barriga vazia e desalento, caros leitores, não tem fake news que dê jeito.
Não que a base do presidente não tente. Ser militante do bolsonarismo hoje implica em se constituir como um mentiroso obstinado – o Brasil é exemplo em vacinação, a respeita brasileira é um show na pandemia, a economia se recupera, o presidente é um líder exemplar e por aí vai. Mas a realidade não é mero detalhe. Não terá como o presidente Jair Bolsonaro dizer que não tem nada a ver com nada, se comportando como oposição, porque ele está sentado na principal cadeira do país. Ele foi eleito para resolver e não para culpar o sistema durante quatro anos.
A base bolsonarista terá alguma força nos espaços das grandes cidades, em especial em Natal, grande Natal e Mossoró. Ainda assim, hoje ela segue se desmilinguindo. Diante dos interesses locais, qual o deputado federal ou estadual, que vinculará seu nome ao de um presidente mal avaliado? A maioria não colocará sua competitivdade em risco em face disso. Não é assim que funciona.
Pelas pesquisas recém publicadas, o que cresce, na verdade, é o pensamento retrospectivo. “No tempo de Lula” existia emprego e as pessoas tinham comida na mesa. E, cabe enfatizar, estamos no nordeste, reduto do ex-presidente, que agora tem os seus direitos políticos plenamente estabelecidos.
A estratégia de vincular a candidatura ao nome de Bolsonaro poderá funcionar nas proporcionais em situações específicas em que o postulante tem ligação com o bolsonarista raiz. Só que não terá a menor chance no âmbito das majoritárias, ou seja, governo e senado. Caminhar com o radical que nos comanda será, se a conjuntura não mudar da água para o vinho, garantia de derrota.
Portanto, muita calma nessa hora. O que temos, na verdade, é gente oferecendo gato por lebre numa valorização do próprio passe estabelecida em pura fumaça. E, ora, na medida em que a eleição se aproximar e o nevoeiro passar, a correlação de força será percebida pelos agentes em disputa. Se não há mais bobo no futebol, imagine na política.
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*É cientista social.