UNIÃO BRASIL DEVE PRIORIZAR ALIANÇAS ESTADUAIS, DIZ ACM NETO


A prioridade do União Brasil –partido resultante da fusão do DEM com o PSL– é discutir composições estaduais e novas alianças, afirmou ACM Neto em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada nesta 4ª feira (13.out.2021). Ele diz que a discussão de uma possível 3ª via ao Planalto deve ficar para 2022.
Neto é presidente do DEM e secretário-geral do União Brasil. Segundo ele, a ideia da nova legenda é ter um candidato da nova sigla na disputa presidencial de 2022. A intenção de ter nome próprio ao Planalto também foi expressa por Luciano Bivar, presidente do PSL e do União Brasil.
Segundo ACM Neto, é preciso tempo e paciência para que uma eventual candidatura se consolide: “Acho muito difícil alguém conseguir ganhar musculatura e ter densidade eleitoral antes de setembro de 2022”.
Em convenção conjunta, realizada em 6 de outubro, DEM e PSL aprovaram a fusão. A junção criará a maior legenda com representação na Câmara, com potencialmente 81 deputados –saiba mais no infográfico abaixo. A cúpula do novo partido, no entanto, sabe que haverá defecções, principalmente em março, quando se abrirá o período oficial para trocas de partidos.

Praticamente metade da bancada do PSL, ligada ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), deverá deixar o partido. Já no DEM, disputas locais também podem causar baixas.

“Já precificamos a saída de quadros”, diz ACM Neto. “Não estou preocupado em ter mais de 80 deputados em março. Minha preocupação é o que o União Brasil fará nas urnas em 2022. Estamos fazendo apostas em projetos novos”.

Ele avalia ser preciso que mais partidos além do União Brasil estejam em acordo para 2022.

“Terá que existir uma aposta, não só do União Brasil, mas também de outros partidos, que acreditem em um nome, um perfil, uma pessoa que tenha condições de ser o líder desse processo para que depois, durante a campanha, essa pessoa possa conquistar os brasileiros e se posicionar como alternativa viável”, diz.

“O que as nossas pesquisas qualitativas mostram é que o eleitor deseja alguém que tenha experiência política, capacidade de exercer liderança, que seja sério, comprometido com a pauta de transparência, de decência na vida pública e de enfrentamento à corrupção.”

Entre os possíveis nomes de dentro do União Brasil estão o do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ambos do DEM.

Mesmo sem experiência na política, o apresentador José Luiz Datena (PSL) também aparece como uma possibilidade à Presidência, ao Senado ou ao governo estadual de São Paulo.

Neto diz que o União Brasil deverá contar com 10 ou 12 postulantes aos governos estaduais. Para São Paulo, ele contabiliza 4 apostas. Além de Datena, o ex-governador Geraldo Alckmin (hoje no PSDB), o vice-governador Rodrigo Garcia (também no PSDB), e o deputado estadual Arthur do Val no União Brasil (atualmente no Patriota).

“Nós vamos a partir de agora tratar das hipóteses de maneira concreta para definir qual é o nosso caminho em São Paulo. A candidatura de Alckmin já foi colocada, e é uma realidade, assim como também não podemos descartar neste momento diálogo com o vice-governador Rodrigo Garcia”, fala.

Sobre Minas Gerais, Neto esquivou-se de falar de possíveis negociações para filiar o governador do Estado, Romeu Zema (Novo). Ele diz que o União Brasil tem liderança no Estado, por meio de Pacheco. “Quando se cria um partido desse tamanho, é natural esse tipo de especulação [novas filiações]”, afirma.

REAPROXIMAÇÃO COM MAIA

ACM Neto diz que está se reaproximando de Rodrigo Maia, atual secretário de Projetos e Ações Estratégicas de São Paulo. Os 2 se desentenderam quando Maia articulava para eleger seu sucessor no cargo de presidente da Câmara dos Deputados.

“Em 20 anos de amizade, tivemos 8 meses de problemas que se tornaram públicos”, diz Neto. “Preferimos tratar de futuro que de passado, optamos por um caminho de diálogo amigável e não de ficar lavando roupa suja”, afirma, referindo-se ao encontro que tiveram em 6 de outubro.

Maia apoiou Baleia Rossi (MDB-SP) na eleição à presidência da Casa, realizada no começo deste ano. Acusou ACM Neto de, nos bastidores, trabalhar em favor de Arthur Lira (PP-AL). Depois das desavenças, Maia deixou o DEM.

“Em algum momento, se a relação se restabelecer, vamos precisar tratar do ocorrido, mas não é agora. É preciso mais tempo para que haja condições de tratar das desavenças. Esse encontro foi um marco, um ponto de partida de uma relação que pode ser reconstruída. Agora foi possível quebrar o gelo”, diz Neto.