FLÁVIO BOLSONARO SE DESFILIA DO PSL; BIVAR É REELEITO PRESIDENTE DO PARTIDO

Em meio ao rompimento com o presidente Jair Bolsonaro, a convenção nacional do PSL reconduziu nesta terça-feira, em Brasília, o presidente nacional da sigla, deputado Luciano Bivar (PE), a um novo mandato de dois anos à frente do partido. O senador Flávio Bolsonaro (RJ), que participará da fundação do Aliança pelo Brasil (APB), encaminhou ontem à Executiva o aviso de desfiliação e agora está sem partido. 

A estrutura da Executiva Nacional foi prorrogada para mais dois anos, com a inclusão do deputado Júnior Bozzella (PSL-SP) - um dos principais aliados de Bivar - no cargo de segundo vice-presidente da legenda. 

O cargo de segundo-vice presidente estava vago, e havia sido ocupado pelo ex-ministro Gustavo Bebbiano, hoje filiado ao PSDB. De acordo com o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), a situação dos diretórios estaduais do PSL em São Paulo e no Rio de Janeiro será definida o quanto antes. 

A desfiliação de Flávio abre caminho para resolver a situação do diretório fluminense, que está sob a direção do senador desde o início de 2018. A situação do diretório paulista é mais imbricada, porque está sob a condução do deputado Eduardo Bolsonaro, líder da bancada, que continua na legenda. 

Segundo uma fonte que acompanha as articulações da Executiva, há duas medidas em estudo para Eduardo que devem ser tomadas nos próximos dias. Para afastar Eduardo da liderança da bancada, o Conselho de Ética da sigla deve puni-lo com pena de suspensão das funções parlamentares. Dessa forma, ele não poderá exercer o cargo de líder do PSL na Câmara e o partido vai discutir a sucessão do cargo. 

Em outra frente, para afastar Eduardo do comando do diretório estadual de São Paulo, ele poderá ser acusado de malversação das contas partidárias – mas essa solução ainda está sendo discutida internamente. Foi constituído um comitê para discutir a situação do diretório paulista, formado por Bozzella, Joice Hasselmann (SP) e Coronel Tadeu (SP). 

Até a próxima semana, o Conselho de Ética do PSL vai se reunir para discutir a situação de 20 deputados federais que respondem a processos por infidelidade e outras infrações disciplinares. Uma fonte interna da Executiva afirma que pelo menos 12 parlamentares poderão sofrer punições mais severas, inclusive Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli (SP), Bibo Nunes (RS) e Daniel Silveira (RJ). Silveira assumiu publicamente que gravou reunião da bancada então liderada pelo deputado Delegado Waldir (PSL-GO) e tornou públicas as discussões. No áudio, Waldir chamou Jair Bolsonaro de “vagabundo”. 

O senador Major Olímpio (SP) disse que, a princípio, o anúncio de pelo menos 20 deputados de se juntar ao presidente Jair Bolsonaro na fundação do APB não configura infidelidade partidária. Mas ele citou como exemplo de conduta infiel os gestos do deputado estadual Thiago Cortês, secretário-geral do PSL de São Paulo, que fez publicações nas redes sociais de chacota ao PSL e estimulou os seguidores a se desfiliarem da legenda. "Isso é uma conduta desrespeitosa com o partido", disse Olímpio. Na Executiva paulista, Cortês esteve à frente da dissolução de mais de 100 diretórios municipais (de cerca de 300), afastando dirigentes ligados ao grupo de Bivar.