POLÍTICA: ASCENSÃO E QUEDA DE VEREADOR DA CIDADE ESPACIAL DO BRASIL “PARNAMIRIM”


Foram poucos meses como representante do povo, mas o primeiro mandato do vereador Diogo Rodrigues, do PSD, parece que caminha para seu fim a passos largos, apontado pelo MP, como “criminoso” pela maneira conquistada nas urnas, vai deixando de ser um sonho de um jovem idealista, para se tornar alvo de uma operação contra um esquema de corrupção em órgão público de saúde do município de Parnamirim.

O vereador Diogo Rodrigues mancha a sua imagem de tal maneira que fica isolado pelos próprios colegas e principalmente pela população.

MORTE ANUNCIADA

A transformação de sonho em pesadelo começou ainda na campanha do ano passado, quando nas redes sociais algumas pessoas se manifestaram denunciando Diogo como “chefe” de um suposto esquema para fraudar exames e consultas na Central de Regulação da Prefeitura Municipal de Parnamirim.

Até vídeo em grupos de WhatsApp circulou apontando o vereador em ato supostamente ilícito de conquista de voto. No final do pleito, Diogo foi o segundo mais votado com 2.266 votos.

E hoje, logo no amanhecer deste 20 de abril de 2021, quando agentes de segurança do GAECO que integram a operação “Fura Fila,” começaram as ações em diversas cidades do RN e em especial, Parnamirim, com a prisão preventiva do vereador Diogo Rodrigues e de sua esposa, Monikely Nunes, a classe política local mais uma vez foi acordada com as sirenes da justiça.

Segundo o MPRN, as investigações apontaram que o esquema seria encabeçado pelo vereador Diogo Rodrigues da Silva, eleito vereador por Parnamirim em 2020. Ainda antes de se eleger, valendo-se de sua posição dentro da estrutura administrativa municipal, ele teria montado o esquema de inserção de dados falsos no SIGUS, burlando a fila do SUS.

Falar em operação contra o crime na gestão de Parnamirim não é nenhuma novidade e até resultados antecipados está na boca do povo, mas a atuação política dos representantes mais uma vez deixa como seu principal objetivo atender os interesses do cidadão e agora murmura nas grades de uma prisão. Os ecos é que não há culpa alguma, tudo será apurado e a verdade prevalecerá. Eis a futura nota famigerada!

A “Fura Fila” não revelou apenas a corrupção de um político ou de um grupo criminoso, “mas de grande parte da classe política”. Por essa razão, “o objetivo da operação é colocar essas pessoas “poderosas” debaixo da lei”. Mas, segundo um agente da justiça, “há um problema: elas fazem as leis”.

Ou seja, a julgar pelo que disse um dos colaboradores da operação, a deflagração de hoje será considerada bem-sucedida se varrer do poder “grande parte da classe política”, gente que, em sua visão, faz leis exclusivamente para se proteger da Justiça.

O desenrolar dos fatos dessa operação já alcançou grande repercussão local e estadual — e pode mudar a percepção de que tudo o que envolve gente poderosa acabar em pizza em Parnamirim e no RN.

De forma inteligente e sofisticada, a operação mostrou do que é capaz uma ação bem coordenada entre Polícia e Ministério Público, obtendo evidências suficientes para condenar gente muito graúda a vários anos de prisão, perda de mandatos e o ressarcimento de milhares de reais aos cofres públicos.

A sociedade dificilmente concordará com isso, mas é impossível prever o que acontecerá porque depende de um fator que ninguém controla: como o eleitor vai se comportar nas próximas eleições?

As investigações da operação “Fura Fila” apontam que a corrupção pública tornou-se sistêmica, e uma causa central desse mal são campanhas político-eleitorais extremamente caras, sob a cumplicidade do próprio cidadão que ver sua ascensão em fila para exames e consultas sem se preocupar quem está lá aguardando a sua vez, pagando até mesmo um preço muito alto no fim da jornada em busca de um tratamento digno e humanizado, falta respeito e amor ao próximo!

Limitando-se a punir quem deve ser punido, a operação “Fura Fila” presta inestimável serviço a Parnamirim e ao Rio Grande do Norte.

Assim, caberia não só ao Ministério Público defender “reformas necessárias para restabelecer o equilíbrio do jogo democrático”, mas considera-se essencial o eleitor eleger representantes “que tenham um compromisso claro com a causa anticorrupção”.

Por Genilson Souto – Jornalista / JORNAL DO ESTADO/Parnamirim-RN.